LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

2º Trimestre de 2001

 

Título: Sermão do Monte — A transparência da vida cristã

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 1: As Bem-aventuranças do Reino

Data: 1 de abril de 2001

 

TEXTO ÁUREO

 

Bendito o Reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!(Mc 11.10).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Sermos súditos do Reino de Deus implica empenharmo-nos resolutamente para viver o padrão ético de Deus para o seu povo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Mt 26.26-29

A esperança do Reino de Deus

 

 

Terça — Jo 3.1-8

A conquista do Reino de Deus

 

 

Quarta — Mt 6.33

A justiça do Reino de Deus

 

 

Quinta — Sl 145.1-13

A glória do Reino de Deus

 

 

Sexta — Sl 45.1-7

A ética do Reino de Deus

 

 

Sábado — Mt 25.31-40

Os súditos do Reino de Deus

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Mateus 5.1-12.

 

1 — Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se aproximaram-se dele os seus discípulos;

2 — e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:

3 — Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;

4 — bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

5 — bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

7 — bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

8 — bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;

9 — bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;

11 — bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

12 — Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

 

PONTO DE CONTATO

 

Em que consiste o reino de Deus? Quais são as leis desse reino? Que tipo de pessoa pertence a esse reino? Que fazer para entrar nesse reino? Com o propósito de responder essas indagações e estabelecer o padrão de conduta dos cidadãos do Reino, Jesus proferiu um discurso-chave popularmente conhecido como “o Sermão do Monte”.

Este sermão indica que a vida com Cristo requer a substituição do nosso padrão de justiça pelo padrão de justiça de Deus. Jesus ensinou que a felicidade por Ele oferecida não deve depender do que temos ou fazemos, mas do que somos; e não pode ser importada, mas precisa nascer da alma, do interior.

Podemos concluir, através desse magistral sermão que, se quisermos alcançar a felicidade nesta vida e a eternidade, não nos resta outra alternativa, senão, atentarmos para todos os sublimes ensinamentos do majestoso Filho de Deus.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Entender a importância do Sermão do Monte no contexto do Reino de Deus;
  • Reconhecer que o único meio para viver o elevado padrão ético desejado por Deus para o seu povo é a graça;
  • Valorizar as bem-aventuranças como o resultado de aceitarmos a condição para a maior posse de nossa vida: a posse de Deus.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Em seu ministério terreno, o Mestre pronunciou diversas mensagens que foram registradas pelos escritores sagrados, como a oração sacerdotal, o Sermão do Monte, as parábolas e os ensinos específicos tirados do cotidiano das pessoas da época. Através dessas mensagens Jesus nos trouxe os requisitos da cidadania celeste. Neste trimestre, estudaremos preciosas lições proferidas pelo Senhor Jesus no famoso Sermão do Monte.

Ao contrário do que muitos pensam, seguir a Jesus e submeter-se ao seu Reino não significa anular nossa vida pessoal, mas descobrir uma nova dimensão de vida; mais profunda, dinâmica e feliz.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Trace uma linha no quadro de giz dividindo o espaço em duas partes. Do lado esquerdo, escreva as características das pessoas bem-aventuradas aos olhos de Deus. Do lado direito, escreva as recompensas que essas pessoas receberão. Depois peça a seus alunos que associem as características dos bem-aventurados às recompensas a eles dispensadas.

Outra atividade:

Liste no quadro as oito bem-aventuranças proferidas por Jesus. Depois, convide oito alunos para irem ao quadro. Cada aluno deverá escolher uma das oito bem-aventuranças e discorrer sobre ela por 1 minuto. Ao cabo das apresentações, faça um comentário conduzindo à conclusão.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Entre os sermões proferidos por Cristo aos discípulos, o Sermão do Monte, como ficou conhecido, traduz de forma marcante e reveladora a essência e a natureza de sua doutrina. Teremos, neste trimestre, não só a oportunidade ímpar de conhecer ou recordar as suas vigas mestras, mas, acima de tudo, de procurar fazer desse ensino singular o ideal de vida de todos quantos desejam sinceramente praticar o cristianismo bíblico.

 

I. O CONTEXTO DO SERMÃO DO MONTE

 

1. O contexto geográfico. A maior parte do ministério de Jesus se desenvolveu ao norte de Israel, nas redondezas do mar da Galileia, região em que realizou, também, grande parte de seus portentosos milagres (ver Mt 4.23,24). Naquelas imediações está o Monte das bem-aventuranças, onde pregou o mais conhecido sermão de todos os tempos, no qual balizou os princípios gerais do Reino de Deus.

2. O propósito do sermão. O Sermão do Monte é a síntese do ensino de Cristo para o seu povo. Antes de a Igreja consolidar-se como agente do Reino de Deus na terra (cf. At 8.12; 19.8; 20.25; 28.31), o Senhor tomou a iniciativa de descortinar ao núcleo apostólico, através desta primeira grande explanação pedagógica, as vigas mestras que constituem o modelo de vida cristã trazido pelo Reino de Deus, isto é, a sua ética.

 

II. AS DIMENSÕES DAS BEM-AVENTURANÇAS

 

1. A dimensão presente. Tanto as bem-aventuranças quanto os demais princípios bíblicos do Sermão do Monte podem ser vistos sob dois ângulos: a dimensão presente e a dimensão escatológica. Ambos se interpõem e se completam. Há os que vinculam estes princípios apenas à manifestação futura do Reino de Deus, como se não pudessem ser experimentados aqui e agora. Eles o fazem porque interpretam a expressão “reino dos céus”, utilizada por Mateus, e que aparece no Sermão do Monte, como referente ao reino milenial, o que excluiria a validade desses princípios para a época presente.

Mas, na verdade, comparando-se os sinóticos, verifica-se que “reino dos céus”, em determinadas passagens, equivale em Mateus à expressão “Reino de Deus”. Compare os seguintes textos: Mt 3.1,2 e Mc 1.14,15; Mt 13.1-23 e Mc 4.1-20; Mt 13.31-58 e Lc 13.18-21. Ora, Jesus deixou claro que a chegada do Reino de Deus é um ato presente na história (ver Mt 4.17). Portanto, se esta manifestação presente é uma verdade escriturística, não há como excluir desta era e situar apenas no futuro os ensinos éticos e as bênçãos proclamados no Sermão do Monte, entre as quais as bem-aventuranças.

2. A dimensão escatológica. Todavia, sob o ângulo escatológico, haverá um tempo em que o Reino de Deus manifestar-se-á de forma física, como retrata Apocalipse 11.15, quando então esses princípios e as bênçãos decorrentes serão experimentados de modo perfeito e absoluto. Hoje, conhecemos em parte (1Co 13.9,10) e nos submetemos voluntariamente ao senhorio do “reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13), mas, quando as etapas finais do plano de Deus tiverem seu cumprimento, seremos então introduzidos a essa nova dimensão do Reino em que poderemos viver em toda a plenitude e justiça a imagem perfeita de Cristo (ver 1Jo 3.2).

3. A dimensão do compromisso. Mas as bem-aventuranças e os demais princípios do Sermão do Monte apontam também para a dimensão do compromisso. Este padrão ético constituído por Deus para o seu povo, com o qual cada crente precisa estar comprometido, é o referencial que norteia a vida cristã.

Não se trata de legislação para ser cumprida nos moldes da lei mosaica, porque esta, apesar de revelar a transgressão, não foi suficiente para resgatar o homem de seu estado pecaminoso (ver Gl 3.24,25). Por outro lado, nenhum esforço humano é capaz de cumprir, por si mesmo, este elevado padrão de santidade exigido por Deus.

O único e legítimo recurso que torna o crente apto a estar em condições de expressar em sua relatividade humana esses requisitos, quando as circunstâncias o exigem, é viver permanentemente sob a graça de Deus em Cristo.

 

III. O CAMINHO PARA AS BEM-AVENTURANÇAS

 

1. A importância do espírito despojado. A primeira das bem-aventuranças requer o despojamento de espírito (v.3). No grego, a ideia implica desenvolver a capacidade de esvaziar-se de todos os sentimentos que predispõem o homem a viver de forma egoísta. É não julgar-se autossuficiente, mas estar disposto a abrir mão de si mesmo pela promessa da recompensa vindoura (ver 1Co 4.16-18). Os “pobres de espírito” não vivem ansiosos, nem autoconfiantes, mas dependem sempre do Senhor, pela fé, pela oração, firmados nas promessas divinas e na esperança do “reino dos céus” na sua plenitude.

2. A força do quebrantamento. A segunda bem-aventurança nos leva ao quebrantamento (v.4). Aqui a ideia não é a da autocomiseração em que o indivíduo se entrega a um estado de lamúria pela própria sorte. Não é o lamento natural por alguma perda, nem a tristeza egocêntrica e invejosa por não ter alcançado o que outros já têm. Mas é quebrantar-se com “tristeza segundo Deus” (2Co 7.10), em razão de seus próprios pecados, bem como tomar para si o sofrimento pelos pecados, maldades e injustiças dos homens que não conhecem a Deus.

3. A busca da mansidão. Esta bem-aventurança ressalta a força da mansidão (v.5). Ela se contrapõe ao ódio, à violência e ao estilo agressivo das conquistas humanas. Parece um paradoxo, mas quando os de espírito brando despontam, inibem atitudes que poderiam desaguar em conflitos e tragédias.

4. A relevância da justiça. A quarta bem-aventurança revela que a justiça deve ser um profundo anseio de todo crente (v.6). “Fome e sede” são termos que denotam extrema necessidade. Tal qual o organismo faminto e sedento, o cristão não desfrutará da verdadeira calma e paz de espírito enquanto não sentir-se saciado da presença de Deus, o que implica viver não só em retidão espiritual, mas em não conformar-se com as injustiças e opressões que prevalecem no mundo.

5. A prática da misericórdia. Quem experimenta esta bem-aventurança (v.7) é porque está em harmonia com as demais. Misericórdia é o ato de ser compassivo com o próximo em seu estado de carência espiritual, moral e social. Ora, só chega a este passo quem é capaz de esvaziar-se, quebrantar-se, ter um espírito brando e amar a justiça. Apenas estes conseguem ser misericordiosos. Em suas vidas aplicar-se-á a lei da semeadura e da colheita: por terem exercido a misericórdia, serão também por ela alcançados (cf. Gl 6.7).

6. O lugar da pureza. Convém lembrar que pureza de coração não se trata de algo apenas externo e aparente, unicamente com o fim de ser apreciado pelos homens, a exemplo dos fariseus, pois o termo “coração”, na Bíblia, traduz a ideia de centro da personalidade. Portanto, esta pureza só é verdadeira quando se realiza a partir do âmago do indivíduo (cf. 1Ts 5.23).

7. O peso da pacificação. Aquele que tem o coração purificado de segundas intenções age sempre com espírito pacífico. É a sétima bem-aventurança (v.9). Paz é ausência de guerra, conflitos e toda sorte de conturbações. Na Bíblia o termo paz abrange também o sentido de harmonia. Ora, o pecado é a fonte de todas as mazelas e hostilidade entre os homens. Isto significa que o exercício da pacificação é uma qualidade de quem já removeu de seu coração, mediante o sangue de Jesus, a causa de seus males pessoais (ver Rm 5.1) e pode, por isso mesmo, contribuir para que outros a removam de suas vidas.

8. A graça de ser perseguido pela causa do Senhor. Por último, há também uma bem-aventurança para os que são perseguidos por serem fiéis ao Senhor (vv.9,10). O compromisso com o evangelho não admite outra opção (ver Mt 6.24). Não há como ser amigo do mundo e, ao mesmo tempo, agradar a Deus. Portanto, a possibilidade de o crente ser hostilizado por causa de sua fé é algo perfeitamente previsível na economia divina.

 

CONCLUSÃO

 

Mas qual é a grande felicidade — a bem-aventurança — quanto a essas nossas condições referidas por Cristo que nos opõem ao modo de pensar e de agir do mundo? Nas palavras do escritor francês François Mauriac (como citado por Philip Yancey, O Jesus que eu nunca conheci), ela é o resultado de aceitarmos “a condição para um amor mais elevado — para a posse acima de todas as outras posses: a de Deus. Sim, isso é o que está em jogo, e nada menos”.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Bibliológico

 

“É natural supor que, depois do Mestre passar algum tempo pregando a aproximação do reino dos céus, surgissem entre os israelitas muitas perguntas: Quais são as leis desse reino? Qual a sua relação com a lei de Moisés? Esse novo Mestre veio destruir a lei? Que é necessário fazer para entrar nesse reino? Para responder a tais perguntas, e para expor plena e claramente o padrão de conduta exigido dos súditos do novo reino espiritual, Cristo pregou o Sermão do Monte.

Havia também outra razão para o discurso: o povo devia compreender bem que o reino que Jesus pregava não era o reino esperado pelos israelitas; não seria um reino de encantos humanos, de conquistas carnais, baseado sobre uma vida de justiça da parte de todos os seus súditos.

O Sermão do Monte tem dupla aplicação: (1) literalmente incorporar-se-ão todas as leis do célebre discurso, na constituição do reino dos céus, estabelecido na terra. O Sermão do Monte transfere a ofensa do próprio ato para o motivo do ato (Mt 5.21). Nisso se descobre a causa de os judeus rejeitarem o reino. Tinham reduzido ‘a justiça’ a um cerimonialismo e em vez de esperar um reino como os profetas anunciavam, aguardavam meramente um reino de esplendor exterior. Os judeus nunca foram reprovados por esperarem um reino visível e poderoso na terra. (2) Há uma aplicação prática e preciosa do Sermão do Monte para nós, na dispensação da Igreja. Alguns crentes, para evitarem a responsabilidade de observar os preceitos do Sermão do Monte, insistem em que foi dado somente aos judeus. Ao findar o Sermão, Jesus declarou explicitamente que é para todos os que ouvem (Mt 7.24)” (Espada Cortante, CPAD, pp.395-396).

 

GLOSSÁRIO

 

Autocomiseração: Capacidade de ter piedade, pena, ou compaixão de si mesmo.
Balizar: Demarcar, delimitar.
Conturbação: Perturbação de ânimo.
Implicar: Envolver, importar, demandar, requerer.
Nortear: Dirigir, orientar, guiar.
Paradoxo: Espécie de contradição, ao menos na aparência.
Pleno: Completo, cheio, inteiro.
Portentoso: Maravilhoso, prodigioso, assombroso.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Em que região Jesus proferiu o Sermão do Monte?

R. Galileia.

 

2. Segundo o comentário, quais são as três dimensões do Sermão do Monte?

R. Dimensão presente, dimensão escatológica e dimensão do compromisso.

 

3. Que outra expressão bíblica é sinônimo de Reino de Deus?

R. Reino dos céus.

 

4. Que meio o crente dispõe para viver o padrão ético desejado por Deus?

R. A graça de Deus em Cristo.

 

5. Que tipo de perseguição resulta em galardão nos céus?

R. Perseguição por amor a Cristo.