LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

2º Trimestre de 2001

 

Título: Sermão do Monte — A transparência da vida cristã

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 3: O padrão ético do Reino de Deus

Data: 15 de Abril de 2001

 

TEXTO ÁUREO

 

Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus(Mt 5.20).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Os princípios éticos do Reino de Deus se constituem no sumo alvo de todos quantos professam a fé em Cristo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Fp 3.7-11

O padrão da justiça

 

 

Terça — 1Ts 5.23

O padrão da santificação

 

 

Quarta — At 2.42

O padrão da doutrina

 

 

Quinta — 1.13-16

O padrão da conduta

 

 

Sexta — Ef 5.22-33; 6.1-9

O padrão da família

 

 

Sábado — Cl 3.12-17

O padrão da Igreja

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Mateus 5.17-20.

 

17 — Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.

18 — Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

19 — Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.

20 — Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

 

PONTO DE CONTATO

 

Qual era a opinião de Jesus acerca da Lei? Muitas pessoas podem imaginar, ao ler o texto bíblico desta lição, que Jesus era contrário à Lei de Moisés. Diferente disso, o Mestre deixou bem claro que viera para cumpri-la. Por ser Ele o único que a observou plenamente, jamais deixou de valorizá-la e reconhecê-la diante dos homens. O Senhor nunca desconsiderou o valor ético da Lei. O tipo de lei que Jesus condenou foi aquela que se baseava na visão dos fariseus: uma lei que prezava a aparência e a formalidade, em detrimento aos reais valores do interior dos homens.

Antes de vir a Graça de Deus, Jesus satisfez toda a Lei, para demonstrar não apenas o valor dela para condução da humanidade, mas a fim de indicar um caminho melhor para se chegar ao Altíssimo.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Compreender em que sentido Jesus ratificou e cumpriu o Antigo Testamento;
  • Identificar as razões pelas quais se pode afirmar, com segurança, que a ética do Reino de Deus é absoluta;
  • Reconhecer que nenhum esforço humano propicia condições de se experimentar a ética do Reino, a não ser a graça de Deus.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Jesus confirmou os ensinamentos morais do Antigo Testamento por serem eles uma revelação do próprio Deus. Além de Ele cumprir a Lei e as profecias, demonstrou a utilidade delas validando-as, realçando seus ensinos morais, que possuem, inclusive, validade para os nossos dias. Deus sempre exige atitudes coerentes de seus filhos.

A ética, do ponto de vista divino, possui princípios morais imutáveis e é absoluta. Além disso, o padrão ético é responsabilidade do cristão; um alvo de cada crente, mas, acima de tudo, um resultado exclusivo da Graça, e não um apoio para os legalistas.

Mesmo que a Lei não produza a piedade completa, um novo coração terá o desejo de expressar a ética ensinada por Jesus.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Divida sua classe em dois grupos. Ao primeiro, proponha os seguintes questionamentos: Como funcionava a Lei de Moisés no que diz respeito ao padrão de ética? O que distingue as leis morais das leis cerimoniais?

Ao segundo grupo, pergunte: Qual era a opinião de Jesus acerca da Lei? Que valor Ele deu ao Antigo testamento? Relacione todas as respostas no quadro de giz e depois peça que outros alunos complemente-as.

Outra atividade:

Divida o espaço do quadro de giz em duas partes. De um lado escreva “A Lei em relação aos homens” e do outro “A Lei em relação a Cristo”. Peça aos alunos que descrevam e comparem o que a Lei representa para os homens e o que representou para o Senhor Jesus Cristo. Observe o quadro abaixo. Se desejar, estabeleça outras comparações.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Após introduzir nas bem-aventuranças as diversas situações em que os cristãos seriam confrontados no seu dia-a-dia, e que exigiriam atitudes coerentes com os valores do Reino de Deus, Cristo apontou a relevância cristã, mediante o simbolismo do sal e da luz, como uma característica indispensável aos que servem a Deus. A partir de então, Cristo começou a descortinar os princípios éticos que dariam consistência a essa relevância. Este é o assunto desta lição.

 

I. JESUS E O ANTIGO TESTAMENTO

 

1. Jesus ratificou o Antigo Testamento. Cabe assentar, de início, que todas as vezes em que Jesus menciona as Escrituras refere-se ao Antigo Testamento (cf. Mt 7.12; 22.40; Lc 4.16-21; 24.25-27). É consenso entre alguns eruditos, baseados na tradição judaica, que, após o retorno dos judeus do exílio babilônico, Esdras tenha sido o grande responsável pela formação do cânon do Antigo Testamento tal qual o texto empregado por Jesus e conhecido em nossas Bíblias hoje.

Isto significa que ao afirmar o seu compromisso de não “destruir a lei e os profetas” (v.17), Cristo ratificou todo o Antigo Testamento, considerando-o como a revelação conhecida de Deus. O Mestre chegou, inclusive, a citar a divisão comumente empregada pelos estudiosos da época, como aparece em Lucas 24.44: Lei, Salmos e Profetas. Sob este aspecto, o Antigo Testamento introduziu no mundo o projeto de Deus em Cristo que se realizou no Novo Testamento, mediante a proclamação da chegada do Reino de Deus (ver Mc 1.14,15).

2. Jesus cumpriu o Antigo Testamento. Cristo não só ratificou, mas cumpriu em si mesmo o Antigo Testamento (v.17), englobando aí os minuciosos tipos descritos no Pentateuco e os vaticínios dos profetas que apontavam em sua direção. Ele reconheceu-se o ponto convergente da história da salvação primeiramente anunciada por Deus ao primeiro casal e posteriormente reiterada aos patriarcas e ao povo de Israel mediante a Lei e a revelação profética (ver Gn 3.15; 12.1-3; Is 9.6; Mq 5.2).

O ato da encarnação do Filho de Deus, cujo ápice foi a sua entrega como o Cordeiro que redime o homem (ver Jo 1.14,29), cumpriu a perspectiva da fé dos heróis do Antigo Testamento e inaugurou um novo tempo em que os padrões éticos revelados por Deus na Lei e nos profetas são reafirmados por Cristo (v.18) como o modelo desta nova era.

3. Jesus realça os ensinos morais do Antigo Testamento. Enquanto sob a Lei as regras que expressavam esses ensinos tornaram-se vazias porque os judeus restringiram a sua prática à superficialidade do exterior, agora revestem-se de um novo e real sentido, porque dependem do coração transformado através da obra redentora de Cristo para serem experimentadas (cf. Rm 7.1-25).

 

II. A ÉTICA ABSOLUTA DO REINO DE DEUS

 

1. O significado das leis cerimoniais de Israel. Todavia, há que se distinguir, no Pentateuco, as leis cerimoniais, sociais e cívicas dadas por Deus a Moisés. Elas foram exclusivas para o povo de Israel, sem obrigatoriedade para os cristãos (cf. Cl 2.16-23). Apesar disso, o conteúdo ético, moral, que as norteia e os princípios implícitos são pertinentes ao povo de Deus de qualquer época.

Não se discute, por exemplo, o caráter de pureza implícito em certas normas cerimoniais (cf. Lv 5.3; 7.20,21). Ainda que elas não tenham jurisdição sobre a Igreja, o propósito para o qual apontavam permanece inalterado, pois a pureza de coração é uma das principais qualidades da vida cristã (ver 1Tm 1.5; 5.22; 1Pe 1.22,23).

2. A universalidade dos princípios morais da lei mosaica. Todavia, além das normas já citadas, havia outras de caráter explicitamente moral, cuja universalidade está clara nas Escrituras. São válidas para “todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares”. O Senhor as reitera no Sermão do Monte e declara de maneira contundente a sua importância como marco distintivo do Reino de Deus (vv.18,19).

São referenciais permanentes e imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e expressam não só o padrão de santidade exigido por Deus, mas também o tipo de reação que se espera do crente diante das diferentes circunstâncias da vida (cf. Mt 5.38-42).

3. Porque a ética do Reino de Deus é absoluta. A ética do Sermão do Monte, portanto, tem caráter absoluto. Ela não se altera ao sabor das diferentes situações, não se ajusta ao que pensa o homem e nem se modifica para adaptar-se ao estilo de vida de cada um, mas é a exata expressão do propósito de Deus para o seu povo (ver Mt 5.48; 1Pe 1.13-16).

 

III. A BUSCA DO PADRÃO ÉTICO DO REINO DE DEUS

 

1. É parte da responsabilidade cristã. A busca deste padrão ético deve, portanto, constituir-se no alvo de cada crente, sendo parte de sua responsabilidade cristã. Como Paulo ensinou aos gálatas, não se trata de obrigação imposta por um sistema legal, mas de algo que resulta de já estarmos crucificados com Cristo e de Ele ter assumido a nossa própria vida para tornar-nos capazes de ardentemente prosseguir em busca desse objetivo (ver Gl 2.20; Fp 3.12).

Isto implica afirmar, com absoluta segurança, que se o crente não manifesta esse desejo de aperfeiçoar a sua vida cristã a cada dia, nos moldes ensinados por Cristo no Sermão do Monte, é certo que não tenha experimentado a verdadeira transformação interior ou a tenha perdido no meio do caminho. Ainda que a força da lei não produza nenhuma piedade, só aparência, o coração transformado será compelido a expressar em sua vida esse padrão ético desejado por Deus (cf. Sl 42.2; 63.1).

2. É resultado exclusivo da graça. Por outro lado, cabe ressaltar, com a mesma segurança, que, se nenhum esforço humano pode produzir não só o ardente desejo, mas também a possibilidade de se experimentar, aqui e agora, essa dimensão ética do Reino de Deus, só há uma resposta a ser dada: ela é resultado exclusivo da graça (ver Rm 6.1-15).

 

CONCLUSÃO

 

Eis porque o Senhor afirmou que a nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus para que tenhamos entrada no Reino de Deus (v.20). Eles se apegavam à letra da lei, visando apenas o exterior. Nós temos que estar apegados à Cristo e, mediante a sua graça e o poder do Espírito Santo, desenvolver a capacidade de demonstrar em nossas ações, a partir do coração, que o Senhor vive através de nossa própria vida. Veremos esses desdobramentos nos próximos comentários.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Bibliológico

 

“O propósito de Cristo é que as exigências espirituais da Lei de Deus se cumpram na vida de seus seguidores (Rm 3.31; 8.4). O relacionamento entre o crente e a Lei de Deus envolve os seguintes aspectos:

(1) A lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Mt 7.12; 22.36-40) bem como nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos (28.20; 1Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de Deus para todos e continuam hoje em vigor. As leis do Antigo Testamento destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4; Lv 1.2,3; 24.10).

(2) O crente não deve considerar a Lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a Lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com Deus e que, por meio da sua obediência à Lei, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmos (Rm 6.15-22).

(3) A fé em Cristo é o ponto de partida para o cumprimento da Lei. Mediante a fé nEle, Deus torna-se nosso Pai (cf. Jo 1.12). Por isso, a obediência que prestamos como crentes não provém somente do nosso relacionamento com Deus como legislador soberano, mas também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6).

(4) Mediante a fé em Cristo, o crente, pela graça de Deus (Rm 5.21) e pelo Espírito Santo que nele habita (Gl 3.5,14), recebe o impulso interior e o poder para cumprir a Lei de Deus (Rm 16.25,26).

(5) Os crentes têm sido libertos do poder do pecado, e sendo agora servos de Deus (Rm 18.22), seguem o princípio da fé, pois estão ‘debaixo da lei de Cristo’ (1Co 9.21).

(6) Jesus ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do seu pai celeste é uma condição permanente para a entrada no reino dos céus” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1393).

 

GLOSSÁRIO

 

Ápice: Ponto mais elevado; o mais alto grau.
Consenso: Conformidade; acordo de ideias.
Contundente: Incisivo, decisivo.
Descortinar: Mostrar, descobrir; tornar manifesto.
Desdobrar: Fracionar ou dividir em grupos.
Jurisdição: Poder atribuído a uma autoridade para fazer cumprir determinada categoria de leis.
Ratificar: Confirmar, comprovar; tornar válido.
Reiterar: Repetir, renovar.
Restringir: Tornar mais estreito, apertado.
Vaticínio: Predição, profecia.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Quem teria sido o grande responsável pela formação do cânon do Antigo Testamento?

R. Esdras.

 

2. Quais foram as três divisões principais citadas por Jesus para o Antigo Testamento?

R. Lei, Salmos e Profetas.

 

3. Por que as leis cerimoniais, sociais e cívicas dadas por Deus a Moisés não são obrigatórias para os cristãos?

R. Porque elas foram exclusivas para o povo de Israel.

 

4. Quais são os princípios morais da Lei mosaica?

R. Princípios universais e imutáveis.

 

5. Como é a ética do Reino de Deus?

R. Absoluta.