LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2019

 

Título: A razão da nossa esperança — Alegria, crescimento e firmeza nas cartas de Pedro

Comentarista: Valmir Nascimento

 

 

Lição 7: Alegria em meio à dor

Data: 18 de agosto de 2019

 

 

TEXTO DO DIA

 

Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis(1Pe 4.13).

 

SÍNTESE

 

Ao experimentar a dor, o crente fiel não é levado ao desespero e à perda do sentido da vida, mas se alegra verdadeiramente em Deus.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Tg 1.2-4

Alegrando-se na provação

 

 

TERÇA — 2Tm 3.12

Perseguidos por amor a Cristo

 

 

QUARTA — Is 43.2

O fogo não vos queimará

 

 

QUINTA — At 16.22-33

Louvando a Deus, a despeito da perseguição

 

 

SEXTA — 2Co 4.17

A momentânea tribulação não se compara à glória futura

 

 

SÁBADO — Rm 12.12

Alegrai-vos na esperança

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • EXPLICAR o sentido da alegria cristã diante do sofrimento;
  • MOSTRAR as tristes consequências da conduta desonrosa;
  • COMPREENDER o atual contexto de perseguição ao Evangelho e o sofrimento dos jovens.

 

INTERAÇÃO

 

A forma como o Cristianismo encara o sofrimento é completamente distinta das demais religiões e visões de mundo. Diante da calamidade, os cristãos são aconselhados a se alegrarem, não pelo sofrimento em si, mas porque temos a garantia de eterna presença e consolo de Deus. Havemos de convir que é um conselho um tanto incomum. Mas, é exatamente esse tipo de postura que fortalece e prepara o cristão para caminhar na jornada para o céu, para a morada eterna com Deus. Esse princípio norteou a Igreja ao longo da sua existência, fazendo-a passar por terríveis períodos de perseguição. Para quem a vida não tem qualquer sentido, o sofrimento leva ao desespero. Mas, para o cristão, cujo propósito da vida se firma em Deus, o sofrimento por causa da justiça o conduz para mais próximo do Criador. O sofrer nos ensina que a vida é frágil, passageira e que estamos sujeitos a acontecimentos que estão além das nossas forças. Por isso mesmo, dependemos de Deus!

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Prezado(a) professor(a), nesta lição prosseguimos falando sobre o tema do sofrimento. Enquanto na lição passada enfocamos o aspecto teórico, nesta é importante enfatizar o lado prático da dor. Afinal, não adianta ter respostas intelectuais para a questão; é necessário aplicá-las à vida. Como um conselheiro cristão, ouça os dramas e as angústias dos jovens, ensinando-os a suportarem com esperança e alegria os momentos difíceis. Nesta aula, peça para um dos alunos expor algo que o tenha afligido, e qual o sentimento dele em relação a isso. Qual foi a primeira reação? Querer deixar a igreja ou pedir o socorro de Deus? Reflita por alguns minutos nesse tema com a classe. Explique que muitos acabam escolhendo a primeira opção, acreditando que Deus os abandonou. Mas, essa é a decisão errada. Pelas Escrituras temos a garantia de que Deus caminha ao nosso lado quando enfrentamos o infortúnio, e tem uma gloriosa recompensa àqueles que perseveram até o fim.

 

TEXTO BÍBLICO

 

1 Pedro 4.12-16.

 

12 — Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;

13 — mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.

14 — Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus.

15 — Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios;

16 — mas, se padece como cristão, não se envergonhe; antes, glorifique a Deus nesta parte.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Se você perguntar a qualquer pessoa, em perfeitas condições, se ela aprecia a dor ou se gosta de sofrer, a resposta certamente será não. Ninguém aprecia os infortúnios, nem mesmo os cristãos. Todavia, diferentemente dos descrentes, aqueles que conhecem ao Senhor encaram o sofrimento de uma maneira peculiar. Ao experimentar a dor, o crente fiel não é levado ao desespero e à perda do sentido da vida, mas se alegra em Deus, pois o sofrimento está no âmago da fé cristã. Este é o conselho que Pedro dá em sua carta, tema da presente lição.

 

I. A ALEGRIA DE SOFRER COMO CRISTÃO

 

1. Não se surpreenda com o sofrimento. Nesta seção, ao retomar o tema do sofrimento Pedro diz aos crentes para não estranharem a ardente prova que sobreviria sobre eles. A expressão ardente, como se passando pelo fogo, evidencia que não era um infortúnio qualquer, mas um processo doloroso de provação. A mensagem subjacente é que os discípulos de Jesus não devem se surpreender com o sofrimento, mas tê-lo como algo certo na vida. Consequentemente, o legítimo ensino bíblico rejeita as teologias triunfalistas que negam as provações e “profetizam” somente as bênçãos materiais sobre a vida dos cristãos. Embora os salvos sejam verdadeiramente abençoados por Deus com as bênçãos celestiais (Ef 1.3), no plano terreno estamos sujeitos a uma série de perdas e infortúnios, como perseguições sociais (cf. Tg 2.6), doenças (cf. Tg 5.14), crises emocionais, desemprego e afins (cf. 1Pe 1.6; At 14.21,22). Somente quem desconhece ou distorce o Evangelho estranha o sofrimento por amor a Cristo!

2. Alegria na aflição. Em vez de espanto e perplexidade, os leitores da Carta deveriam se alegrar. Conselho semelhante foi dado por Tiago em sua epístola (Tg 1.2). O cristão não se regozija pelo sofrimento em si, mas porque o experimenta na condição de representante de Cristo na Terra. Era importante que a comunidade de salvos percebesse o bom propósito de Deus por trás daquela tribulação, como uma forma de provar a qualidade da fé e conduzir ao amadurecimento do caráter cristão. A passagem do cristão pelo fogo pode ser comparada ao trabalho com uma forja quente, no qual o metal é moldado, refinado e purificado. Para o homem carnal, que não conhece as coisas do Espírito, esta é uma verdade difícil de ser compreendida. Sentir alegria mesmo em meio à aflição parece um contrassenso que somente as pessoas espirituais são capazes de compreender. É que a alegria cristã independe das circunstâncias e do nosso estado emocional. Ela decorre da presença do Espírito Santo que habita no interior de cada crente. É uma dimensão do fruto do Espírito (Gl 5.22). Mesmo perseguido e preso, o apóstolo Paulo alegrou-se em Deus, cantando (At 16.22-33). O homem sem Deus, para quem o propósito da vida é a felicidade e o bem-estar, quando o sofrimento chega, perde completamente o sentido da sua existência. Enquanto isso, o salvo, embora não deseje a dor, sabe que cedo ou tarde ela aportará em sua vida. Mais importante, somos sabedores que Deus caminha conosco dentro da fornalha da vida!

3. A alegria na glorificação. Os crentes deveriam se alegrar diante da perseguição, pois, além desta ser uma forma de participar das aflições de Cristo, também haveriam de se regozijar na revelação da sua glória (v.13); ou seja, quando Ele voltar. Inspirado pelo Espírito Santo, Pedro está dando tanto um consolo quanto uma garantia aos leitores da sua Carta. Aquele que se alegra com Cristo na dor, haverá de se alegrar muito mais na sua glória. Quem sofre com Ele na perseguição, reinará com Ele na glorificação (2Tm 2.12). O apóstolo Paulo confirma essa verdade com a sublime declaração: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2Co 4.17). Isso nos mostra que o sofrimento precede a glória, assim como a cruz precede a coroa!

 

 

II. A TRISTEZA DE SOFRER COMO UM MALFEITOR

 

1. Sofrimento por conduta desonrosa. Em seu escrito, Pedro faz questão de deixar claro que não é qualquer tipo de sofrimento que dignifica o crente fiel. Essa a razão pela qual adverte veementemente: “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como se entremete em negócios alheios” (v.15). Por certo, nenhuma dessas condutas honram o nome de Cristo. Ocorre que, naquele contexto, não era incomum criminosos se infiltrarem entre os crentes dando a impressão de estarem sendo castigados por serem cristãos. Na verdade, eram crentes nominais, que professavam uma fé somente da boca para fora.

2. O perigo de intrometer-se onde não é chamado. Na lista de Pedro, chama a atenção principalmente a conduta de se intrometer em negócios alheios. Apesar de ser um comportamento aparentemente menos danoso que os demais, é uma atitude de consequências trágicas. A Bíblia chama o intrometido de tolo (Pv 20.3) e o compara àquele que toma um cão pelas orelhas (Pv 26.17). Nesse caso, o sofrimento advindo da intromissão não é motivo de júbilo, e sim de tristeza.

3. O juízo de Deus. No versículo 17, os destinatários da Epístola são chamados a atenção acerca do juízo divino. Por causa da sua justiça, Deus há de julgar todo o ser criado, a começar pela Igreja. O Senhor, afinal, não deixa impune aquele que pratica o mal e insiste no pecado. Ele não se deixa escarnecer. Todavia, embora os crentes verdadeiros sejam destinatários do julgamento divino, sendo exortados, disciplinados e corrigidos nesta terra, serão salvos (v.18) e livres da condenação eterna. Enquanto isso, o julgamento daqueles que insistem em desobedecer ao Evangelho sofrerão eternamente. Pedro finaliza com uma mensagem de confiança. Se os cristãos padecem segundo a vontade de Deus, devem ficar tranquilos e depositar com confiança a vida nas mãos do fiel Criador. Deus cuida de nós com zelo!

 

 

III. PERSEGUIÇÃO AO EVANGELHO E O SOFRIMENTO DO JOVEM

 

1. Perseguição ao Evangelho hoje. No Brasil, embora ainda existam empecilhos para o exercício pleno da liberdade religiosa, especialmente no ambiente público, nem de longe se comparam às perseguições suportadas pelos irmãos da Igreja Primitiva. No nosso país, existe uma perseguição velada e ideológica, pela qual cristãos são hostilizados por suas convicções e valores morais. Mas, em nível global, muitos cristãos são violentamente perseguidos. De acordo com a missão Portas Abertas, aproximadamente 215 milhões de cristãos em 50 países diferentes experimentam altos níveis de perseguição por sua fé.

2. Orando pelos perseguidos. Diante desses números, somos conclamados a orar pelos cristãos que vivem nesses locais de intensa perseguição ao Cristianismo. Igualmente, ao nos colocar no lugar daqueles que sofrem por causa do Evangelho, podemos comparar com a nossa própria vida. Será que o nosso infortúnio se compara à dor dos nossos irmãos que sofrem por amor a Cristo?

3. Sofrimento psicológico. Ao refletirmos sobre a questão do sofrimento na Carta de Pedro, é importante recordarmos que a juventude do tempo presente está sujeita a uma série de fatores que desencadeiam algum tipo de dor psicológica. Pesquisas apontam uma geração de jovens ansiosos, depressivos e traumatizados, levando muitos ao isolamento e até mesmo ao suicídio. O número de adolescentes e jovens que tiram a própria vida tem aumentado consideravelmente nos últimos anos no Brasil e no mundo. Diante desse quadro, é importante lembrar de que as Escrituras têm um resposta para o sofrimento psíquico, pois oferece consolo e cura para as doenças da alma. Toda pessoa pode passar por um momento de fragilidade emocional, inclusive o cristão. Não obstante, com a ajuda do Consolador e de uma comunidade cristã amorosa, é possível vencer!

 

 

CONCLUSÃO

 

A fé e a esperança em Cristo nos dão os recursos necessários para encararmos os dias maus. Temos o consolo extraordinário de um Deus amoroso que caminha conosco quando passamos pela fornalha da aflição. Lembre-se, jovem, de que o fogo da provação que atinge a sua vida não é capaz de destruí-lo (Is 43.2), mas serve para purificar e moldar o seu caráter, para que se torne cada dia mais parecido com Jesus.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. A expressão “ardente prova” empregada por Pedro evidencia o quê?

Que os cristão não enfrentariam um infortúnio qualquer, mas um processo doloroso de provação.

 

2. Por que os crentes deveriam se alegrar diante da perseguição?

Pois, além se ser uma forma de participar das aflições de Cristo, também haveriam de se alegrar e regozijar na revelação da sua glória; ou seja, quando ele voltar.

 

3. Conforme a lição o que não era incomum no contexto em que a Carta de Pedro foi escrita?

Não era incomum criminosos se infiltrarem entre os crentes dando a impressão que estavam sendo castigados por serem cristãos.

 

4. Qual a atual situação da perseguição aos cristãos em nível global?

Muitos cristãos são violentamente perseguidos. De acordo com a missão Portas Abertas, aproximadamente 215 milhões de cristãos em 50 países diferentes experimentam altos níveis de perseguição por sua fé. Em 21 desses países, a porcentagem de cristãos perseguidos é de cem por cento da população cristã.

 

5. Na igreja, temos jovens cristãos afetados pelo sofrimento emocional? Por quê?

Resposta pessoal.

 

SUBSÍDIO

 

“À proporção que sofremos com Cristo, mantemos nossas consciências puras, descobrimos que temos uma nova vitória sobre o pecado. Não vai aqui nenhum pensamento de que o sofrimento limpa-nos de nossos pecados. Apenas o sangue de Jesus pode fazê-lo (1Jo 1.7; 2.2). Mas a determinação de fazer a vontade de Deus leva-nos, através do sofrimento, a romper com o pecado de maneira que deixe de ser um hábito em nossas vidas. Os leitores de Pedro precisavam desta exortação. Como gentios, haviam feito de tudo para evitar o sofrimento. Haviam procurado viver para satisfazer as concupiscências da carne, como se isto fosse o supremo alvo da vida. Agiam como muitos hoje: tudo em prol do próprio conforto, prazer e segurança. […] É imprescindível que tenhamos diante de nós o fato de que Cristo não se consolou ou cuidou de si mesmo. Ele tomou o caminho mais difícil; sofreu muito por nós; seguiu até o Calvário para cumprir a vontade do Pai. Em diferentes épocas da história da Igreja, alguns cristãos tomaram essa recomendação como um apelo ao martírio. Durante as perseguições, tudo faziam para que os inimigos de Cristo os executassem. Mas a Bíblia não encoraja a morte por Jesus tanto quanto viver por Ele” (HORTON, Stanley M. 1 e 2 Pedro: A Razão da Nossa Esperança. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.57,58).