Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

2º Trimestre de 2004

 

Título: Família Cristã — Eu e a minha casa serviremos ao Senhor

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

 

 

Lição 8: O amor na família

Data: 23 de Maio de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam(Ct 8.7).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A ausência de amor entre os cônjuges afeta mortalmente o casamento na sua base e leva toda a família à destruição.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Ef 5.25

O marido tem o dever de amar sua esposa

 

 

Terça — Tt 2.4

A esposa tem o dever de amar seu marido

 

 

Quarta — Jo 13.34,35

Amor: a base da família de Deus

 

 

Quinta — 1Co 13.5

Quem ama doa-se a si mesmo

 

 

Sexta — 1Jo 3.14

Amor: a evidência da nova vida

 

 

Sábado — 1Co 13.7

O amor traz renúncia e paciência

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Efésios 5.25,28: Tito 2.3-5.

 

Efésios 5

25 — Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,

28 — Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.

 

Tito 2

3 — As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem,

4 — para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos,

5 — a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.

 

PONTO DE CONTATO

 

É bastante difícil definir a palavra amor, entretanto podemos compreender um pouco melhor seu significado quando atentamos para as direções para as quais ele se volta. Phileo , o amor fraternal, relacionado à amizade; storge , sentir afeição, amor dos pais pelos filhos; eros , o amor desejo, trata-se do amor entre pessoas do sexo oposto e ágape , o amor caridade, originado em Deus. Discuta com seus alunos sobre o significado da palavra amor. De que forma podemos demonstrá-lo? Há limites para o amor?

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Citar as características do amor do marido pela esposa.
  • Identificar as causas da regressão do amor conjugal.
  • Compreender como preservar o amor na família.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Para que o homem entendesse a dimensão do amor que ele deveria ter pela sua esposa, a Bíblia o compara ao amor de Cristo pela Igreja. Entretanto, a fim de facilitar a compreensão humana sobre como deveria se dar isto, o apóstolo Paulo faz uma analogia entre o amor do marido pela esposa e pelo próprio corpo. Quem ama ao seu corpo, respeita-o, honra-o, valoriza-o, protege-o e cuida dele com muito zelo. Para o homem, não é difícil amar o próprio corpo, isto é um problema tipicamente feminino, por isso que Deus lhe ordenou. O lar, os filhos e o marido necessitam da atenção da mulher, pois a sua obrigação, como esposa e mãe, é dedicar-se à família; nisto, é observado o amor. Ela deve interessar-se pelas aspirações dos filhos e do marido, encorajá-los e ser afetuosa para com eles. Somente com amor uma família pode alcançar os propósitos divinos e ser feliz, de outra maneira, será apenas mais um lugar onde as pessoas moram juntas.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Converse com sua turma sobre o texto áureo da lição de hoje: “As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam” (Ct 8.7). Faça as seguintes indagações aos alunos: O que este texto significou ou significa para você? Você identifica-se com este texto? Como sua compreensão deste texto mudou durante a sua vida? Que perguntas você faz ao texto? Quem ou o quê vem a sua mente quando você ouve este texto?

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Deus estabeleceu o casamento para o bem-estar e felicidade dos cônjuges, o que somente será possível pelo vínculo do amor. Sem este, tal união passa a ser uma caricatura sem vida, sem conteúdo, sem realidade. Uma vez que diante de Deus é vitalícia, pela sua natureza e finalidade, essa união depende do amor para persistir por toda a vida. Duas de suas finalidades são: perpetuar a família e ser figura da união entre Cristo e sua Igreja. A lição é evidente: sem amor, a família se degrada e se embrutece, e só o amor realiza a comunhão entre Cristo e a Igreja.

 

I. O AMOR NAS NECESSIDADES DA FAMÍLIA

 

1. Necessidades relativas à sobrevivência. São necessidades concentradas na área física: alimentação, descanso, lazer, proteção e auxílio mútuo entre os membros da família, a partir do casal. 0 atendimento dessas necessidades motivado pelo amor pode ser simples e corriqueiro, mas o seu efeito e influência perduram e aumentam a felicidade da família. Por isso, a Bíblia assevera: “Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade” (1Co 16.14). Ou seja, se não pusermos amor em tudo o que fazemos, a vida perde o sentido e torna-se um vazio. Na vida do casal, que é o pilar da família, a realidade do amor viabiliza o suprimento dessas necessidades.

2. Necessidades psicológicas. Em Gênesis 1.27, está escrito que o homem foi criado à imagem de Deus; então, de certa forma, ele reflete Deus. Deus é uma Pessoa que ama, pensa, sente, tem objetivos e toma decisões; tudo de maneira perfeita, mesmo que não pareça aos homens. Tomando a referência acima e outras semelhantes, o homem também tem personalidade. A Bíblia utiliza vários termos para designar os componentes da personalidade no homem: alma, espírito, mente, memória, coração, sentimento, vontade, conhecimento, etc.

A necessidade primordial dessa personalidade é a de amar e ser amado. É evidente que não estamos falando de amor no sentido popular, mas como atributo e virtude que refletem o Criador, pois “Deus é caridade e quem está em caridade está em Deus, e Deus, nele” (1Jo 4.16). Os cônjuges são os líderes da família e, portanto, com necessidades mútuas profundas, originadas em si mesmos, e oriundas também das grandes responsabilidades dos seus encargos domésticos.

A mulher, como esposa, quer ser valorizada pelo que é e por aquilo que ela proporciona ao marido como sua “adjutora” (Gn 2.18). Seu amor pelo marido manifesta-se através do respeito, da dedicação, da solicitude, das tarefas e dos cuidados no dia-a-dia; tudo pela motivação do amor, da sabedoria mencionada em Provérbios 14.1 e das responsabilidades assumidas (1Co 7.34b).

 

II. O AMOR DO MARIDO PELA ESPOSA

 

A Bíblia enfatiza este amor de forma imperativa, e sem quaisquer rodeios, para que o marido não tenha desculpa nem invente uma alternativa ou evasiva. “Vós, maridos, amai vossa mulher” (Ef 5.25). Este dever do marido está na forma imperativa. Deus sabe que só o amor puro, total, sincero e leal garante a perpetuidade e felicidade real do casamento. É até possível — por interesses, condições e situações incomuns — um casamento ser estável sem tal amor, mas neste caso é impossível que seja feliz e perpétuo. Se os dois casaram-se de fato por amor, este deverá nortear a vida do casal enquanto viver.

1. Amar como Cristo amou a Igreja. Este confronto requer do homem uma reflexão profunda diante de Deus, tendo em vista o seu alcance e responsabilidade, pois o amor de Jesus pela Igreja é supremo, sacrificial, providente, protetor e permanente. Este amor deve ser o objetivo de todo homem casado para com sua esposa. Trata-se de um amor sacrificial, que não busca seus próprios interesses (1Co 13.5). Desta forma, Deus deseja que o marido ame a sua mulher e por isso esteja sempre comprometido e disposto a dar-se por ela, em toda e qualquer circunstância.

Outrossim, a Bíblia ensina que além de amar a esposa, o marido deve também agradá-la (1Co 7.33). Agrado não depende de normas prescritas; é algo espontâneo que flui da vontade inspirada por amizade, afeto, amor, fraternidade, retribuição. De igual modo, a mulher, além de amar o marido e obedecer-lhe, também deve agradá-lo (1Co 7.34). Amor e obediência são deveres (Rm 13.8). O agrado é um fruto que brota espontaneamente do amor, da gratidão e do contentamento.

2. Características do amor do marido:

a) Puro. Assim sendo, ele é uma demonstração de respeito e honra à esposa. Deve ser desprovido de impureza, e não ser apenas baseado na sensualidade e no erotismo.

b) Sincero. Isto é, amor não fingido, não de aparência, não de conversa, como está escrito em Romanos 12.9a.

c) Constante. O marido não deve permitir que as contrariedades e situações irritantes do dia-a-dia, seja onde for e com quem for, venham influir e interferir na continuidade do amor conjugal. No caso da esposa, mesmo que ela cometa falhas sem querer, o marido deve perdoá-la, em virtude deste amor. É assim que Cristo ama a Igreja.

d) Perpétuo. O amor não tem data de validade para expirar. A Bíblia nada ensina sobre o casal entediar-se um do outro e providenciar o término do casamento. Se voltarmos o pensamento para Cristo e sua Igreja, Ele jamais a renunciará para originar outro povo seu (Ef 5.31,32).

e) Protetor (sacerdotal). A mulher é mais dependente de segurança do que o homem. No casal, essa segurança da mulher está no marido. Por isso ele deve esforçar-se em promover o bem-estar físico e espiritual dela.

f) Provedor. Este amor deve prover à esposa tudo o que lhe é necessário, conforme as posses do casal, a provisão de necessidades da família, a previdência de situações futuras e de imprevistos, e o bom senso dos dois.

3. Amar como a seu próprio corpo. Nenhum homem normal (a menos que esteja psicológica ou espiritualmente enfermo) odeia a si próprio; seu corpo é o primeiro objeto de seu amor, para dele cuidar, alimentar, tratar e proteger. É assim que o marido deve considerar e amar sua esposa. Se alguém muito entusiasmado deseja se sacrificar pela igreja a ponto de morrer por ela, em detrimento do seu casamento, não o faça. Faça sempre o melhor e o máximo que puder por sua esposa (Gn 29.18,20). Quem tinha que sacrificar-se pela Igreja até a morte, já o fez — o Senhor Jesus (Ef 5.25).

 

III. QUANDO O AMOR CONJUGAL REGRIDE

 

1. No marido. A mulher que não se sente amada pode ter o seu comportamento no lar distorcido, trazendo danos para si mesma e para toda a família.

a) Ela pode, por decepção, se isolar e tornar-se inútil.

b) Pode, também, tornar-se uma mãe dominadora, controlando ilogicamente os filhos e tornando-os objetos de sua satisfação pessoal, uma vez que não a encontrou em seu marido. Esses filhos podem crescer com problemas psicológicos, bloqueios e serem incapazes de enfrentar a vida.

c) Um outro mecanismo seu de compensação, quando frustrada e desnorteada, é buscar afeto fora do lar.

2. Na esposa. Quando a mulher se casa por fama, dinheiro, sensualidade, ou necessidade de sobrevivência, esta crise pode instalar-se, partindo dela para o seu marido. Neste caso, os papéis se invertem. O marido vai compensar suas frustrações investindo nos filhos, em segmentos sociais, onde sinta-se valorizado, e às vezes em relacionamentos pecaminosos.

A falta de amor na mulher normalmente se manifesta pela falta de respeito à autoridade do marido. A Bíblia exige dela este respeito (Ef 5.22; Cl 3.18).

A falta de amor tanto do marido quanto da esposa, se não administrada em tempo hábil, pode levar à desintegração do lar, com prejuízos espirituais, morais e sociais.

 

IV. COMO MANTER O AMOR

 

1. Auto-avaliação. É dever de todo o cônjuge avaliar diariamente a sua conduta dentro do casamento.

2. Humildade. É indispensável que ambos tenham a humildade para corrigirem seus equívocos, exageros e omissões no relacionamento.

3. Diligência. É imprescindível a iniciativa de um procurar o outro para retomada de posições quando qualquer problema surgir, para não incorrer no distanciamento emocional, manifesto em silêncio e/ou agressões verbais.

4. Presença no altar. É necessário que o casal reserve um bom período no altar da oração, apresentando-se quebrantado diante do Senhor, a fim de receber dEle a graça necessária à harmonia no casamento.

 

CONCLUSÃO

 

O que se espera do leitor é que após esta lição o seu amor conjugal desenvolva-se sobremaneira. Assim, o seu casamento e sua família estarão salvos.

 

VOCABULÁRIO

 

Adjutora: Aquela que ajuda; ajudante.
Decepção: Malogro de uma esperança; desilusão, desengano, desapontamento.
Desintegração: Tirar ou destruir a integridade de; reduzir a fragmentos.
Em detrimento de: Em prejuízo de.
Erotismo: Relativo ao amor sexual.
Evasiva: Desculpa ardilosa; subterfúgio, escapatória.
Fraternidade: Amor ao próximo; união ou convivência como de irmãos; harmonia, paz, concórdia, fraternização.
Frustração: Estado daquele que, pela ausência de um objeto ou por um obstáculo externo ou interno, é privado da satisfação dum desejo ou duma necessidade.
Nortear: Dirigir, orientar, guiar.
Oriundo: Originário, proveniente, procedente; natural.
Personalidade: Organização constituída por todas as características cognitivas, afetivas, volitivas e físicas de um indivíduo; sua maneira habitual de ser; aquilo que o distingue de outro.
Sensualidade: Volúpia, amor aos prazeres materiais, lascívia.
Vínculo: Tudo o que ata, liga ou aperta.
Diligência: Zelo, aplicação.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Conhecidos Pelo Amor. Walter Brunelli, CPAD.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Que outras necessidades tem o ser humano, além das físicas?

R. Necessidades psicológicas.

 

2. Resuma em duas as necessidades psicológicas humanas.

R. A de amar e ser amado, e de sentir-se valorizado.

 

3. Cite três características do amor do marido.

R. Casto, sincero, constante, perpétuo, protetor, provedor.

 

4. Como normalmente se manifesta a falta de amor na mulher?

R. Pela falta de respeito à autoridade do marido.

 

5. Como manter o amor?

R. Com auto-avaliação, humildade, diligência e presença no altar.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

“O mandamento do amor é: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Mt 22.37,38).

Aqui está a plataforma de toda a ética cristã. A verticalidade e a horizontalidade do amor que tem como marco zero o próprio indivíduo: ‘como a si mesmo’. Jesus não está pressupondo com isso um terceiro mandamento. O amor a si mesmo é um fato, e não um caminho a mais a ser seguido, como sugerem alguns. Isto seria, aliás, a negação da fé cristã, que nos instrui a deixarmos de lado todo o tipo de egoísmo, como: ‘Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros’ (Fp 2.4). Ser cristão é agir como João Batista: ‘Importa que ele cresça e eu diminua…’.

… O amor a si mesmo não é uma exigência escriturística. Jesus parte do pressuposto natural como verdade absoluta em cada ser humano. Usa-o como ponto de partida e também como parâmetro de amor ao próximo. Mais que isto, Jesus impõe um redirecionamento para o amor. Trata-se de uma mudança em que as intenções mais egoístas da vontade são vencidas pelo rompimento desse círculo que faz coabitar o amor sempre em torno de si mesmo.

O amor é centrífugo e não centrípeto, isto é, vai sem a pretensão de voltar. Parte do ‘eu’ para o ‘próximo’. Doa, e não espera recompensa.

Jesus vincula o amor ao próximo ao primeiro mandamento porque sabe da incapacidade humana de praticar a horizontalidade deste amor na independência da sua verticalidade. Não há como amar verdadeiramente o próximo sem amar a Deus primeiro.

Para o homem natural, as formas de amor são inevitavelmente dominadas pelos interesses do ‘eu’. Para praticar um amor altruísta, ele precisa primeiro exercer domínio sobre o amor egoísta.

A prática do ágape se dá numa ética teocêntrica. Este amor só será verdadeiro se for centralizado em Deus.

O amor ágape nos capacita a fazer uma leitura da vida com beleza e esperança. Anula as picuinhas, ignora as mesquinharias e descortina as coisas que estão diante de nós. Ágape é o amor que nos levará mais ao sacrifício do que ao bem-estar; mais a dar do que a receber. Não promete vantagens, mas o poder de um espírito rico e de um caráter marcado pelas insígnias do bem!” (Conhecidos pelo Amor. CPAD, pp.34,35).