LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

3º Trimestre de 2005

 

Título: Vida santa até a volta de Cristo — Conselhos para uma vida vitoriosa

Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

 

 

Lição 5: Fortalecendo a fé dos irmãos

Data: 31 de Julho de 2005

 

TEXTO ÁUREO

 

Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil(1Ts 3.5).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A fé, na sua expressão pessoal, precisa ser fortalecida e estimulada mediante a oração e a Palavra de Deus.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Hc 2.4

O justo viverá da fé

 

 

Terça — Mt 6.30

A pequena fé

 

 

Quarta — Mt 9.22

Fé para ser salvo

 

 

Quinta — Mt 15.28

A grande fé

 

 

Sexta — At 14.9

Fé para ser curado

 

 

Sábado — Rm 3.27

A lei da fé

 

HINOS SUGERIDOS

 

165, 186 e 340 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Tessalonicenses 3.1-8.

 

1 — Pelo que, não podendo esperar mais, de boa mente quisemos deixar-nos ficar sós em Atenas.

2 — E enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé.

3 — Para que ninguém se comova por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados.

4 — Pois, estando ainda convosco, vos predizíamos que havíamos de ser afligidos, como sucedeu, e vós o sabeis.

5 — Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil.

6 — Vindo, porém, agora, Timóteo de vós para nós e trazendo-nos boas novas da vossa fé e caridade e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como nós também a vós.

7 — Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé.

8 — Porque, agora, vivemos, se estais firmes no Senhor.

 

PONTO DE CONTATO

 

Professor, as lições são sempre elaboradas pensando em duas faixas etárias distintas: os jovens (18-24 anos) e os adultos (25 anos em diante). Estes dois grupos apresentam características mentais, sociais, emocionais e espirituais específicas, mas interdependentes. Por esta razão, resguardando as especificidades individuais, certos métodos aplicam-se satisfatoriamente a esses dois grupos enquanto outros não. Com jovens e adultos, em função do aprendizado se realizar principalmente por meio da maturidade cognitiva, você deve usar os métodos de raciocínio (indutivo e dedutivo). Entretanto, não se limite apenas a estes. Você pode explorar o estudo de casos e os métodos de exposição oral (aula expositiva, perguntas e respostas, debates). Procure conhecer os mais efetivos métodos, a fim de que seus alunos aprendam de modo didático e crítico.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Estabelecer a distinção entre exortação bíblica e agressividade verbal.
  • Compreender que o sofrimento coopera com o fortalecimento da fé.
  • Avaliar o crescimento pessoal na fé e na santidade.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O capítulo três de 1 Tessalonicenses está dividido em três parágrafos: a ansiedade de Paulo (1-5), sua consolação (6-10) e sua intercessão (11-13). Na primeira seção, o apóstolo usa a palavra “esperar” ( stego ) significando “suportar” ou “conter” no início e no final do trecho (vv.1,6). O amor e o cuidado de Paulo com os crentes traduzem-se em genuína preocupação com a firmeza espiritual e segurança salvífica deles. Paulo temia que fossem tentados pelo Diabo (v.5). Por isso, “não podendo suportar mais”, enviou Timóteo para consolar e exortar a igreja a respeito da fé e das aflições em Cristo. Timóteo estava qualificado como “Ministro de Deus”, “Cooperador no Evangelho de Cristo” e “Irmão na fé”. Na segunda seção, após o retorno de Timóteo com as informações referentes à fé, ao amor e ao afeto da igreja por Paulo, o apóstolo traduz seu contentamento em relação aos tessalonicenses. Isto pode ser observado nos próprios termos utilizados na carta: boas novas, boa lembrança, consolo, ações de graças, gozo e regozijo. A última seção abrange a intercessão de Paulo em favor da fé, do amor e da santidade da igreja (v.13).

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Prezado professor, através desta lição, você terá uma oportunidade ímpar de tratar a respeito do fortalecimento da fé, pois todo o crente precisa estar alicerçado nesta e na doutrina cristã. Então, para a aula de hoje, divida o quadro-de-giz em duas partes. Num dos lados, escreva a frase “Exortar é…”, e no outro, a seguinte: “Exortar não é…”. Em seguida, leia a primeira frase e peça aos alunos que digam o que lhes vier a mente quando a ouvirem. A medida que forem proferindo suas respostas, escreva-as no quadro-de-giz. Incentive a participação de toda a turma. Comente sobre as palavras já mencionadas. Depois, interpele-os acerca da segunda frase “Exortar não é…”. Enquanto os alunos discorrem acerca desta, elabore uma síntese das principais ideias citadas por eles. Explique o uso correto do termo “exortar”; muitas vezes empregado de modo incorreto por nós. Enfatize o fato de que devemos cuidar de nossos irmãos com amor, exortando-os a permanecerem firmes na fé, mesmo diante das tribulações e sofrimentos.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Paulo, como autêntico obreiro e pastor de almas, preocupava-se com a fé dos novos irmãos em Cristo. Estariam eles firmes, resolutos, servindo ao Senhor? Ou manquejando, sem saber como prosseguirem na caminhada cristã? Com essas inquietações, próprias de um diligente pastor, o apóstolo dos gentios entregou ao jovem Timóteo a missão de ir a Tessalônica, e, pessoalmente, verificar como estariam os irmãos na sua vida cristã em geral.

 

I. CONFORTO E EXORTAÇÃO

 

1. A ansiedade de Paulo (3.1,2). Paulo muito desejou retornar a Tessalônica a fim de ensinar a Palavra e fortalecer a fé dos novos crentes. Porém, conforme o exposto no capítulo 2, versículo dezoito, não pôde fazê-lo. Pouco antes, o apóstolo havia deixado Timóteo e Silas em Beréia (At 17.14), seguindo para Atenas (At 17.15), onde sua preocupação concernente à fé dos irmãos de Tessalônica aumentou.

2. Um cooperador exemplar. Timóteo era para Paulo um verdadeiro “irmão” (v.1; 1Co 1.1; Cl 1.1). Ele era o obreiro adequado à tarefa de ir ao encontro dos crentes de Tessalônica.

Todo líder precisa ter da parte de Deus o homem certo, para a tarefa apropriada, no lugar oportuno; do contrário, tudo sofrerá prejuízo.

Paulo também o chamou de “ministro de Deus”; literalmente “servo de Deus”. O termo na língua original diakonos tem o sentido de servo, cooperador, auxiliar. Feliz é o líder rodeado de obreiros que possam ser chamados de “irmãos”, “ministros”, e “cooperadores”, como teve o apóstolo Paulo (Tito, 2Co 8.23; 2.13; Epafrodito, Fp 2.25; Tíquico, Cl 4.7).

3. “Para vos confortar e exortar” (v.2). O crente precisa saber que, mesmo em meio às tribulações desta vida, há “conforto em Cristo”, “consolação de amor”, “comunhão no Espírito”, e alguns “entranháveis afetos e compaixões” (Fp 2.1). Não se deve confundir o termo “exortar”, no v.2, com aspereza no púlpito, ou com desabafos pessoais inoportunos, impensados e imprudentes. Exortar é assistir, confortar, admoestar, consolar, animar, encorajar as pessoas. A exortação deve ser com “longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2).

 

II. DESIGNADOS PARA SOFRER (3.3,4)

 

A partir da experiência da conversão no caminho de Damasco (At 9.1-6), Paulo sofreu muito pela causa do evangelho (At 9.15,16). Ele exortou os irmãos, para que nenhum deles se abalasse por causa das tribulações que presenciaram na vida dos missionários, dizendo: “porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados”. Parece estranho ao homem natural que Deus chame alguém para cumprir a sua vontade, realizando o seu trabalho, e permita que esse sofra, às vezes, nas mãos dos ímpios. Entretanto, é exatamente no cadinho da tribulação que se forja a têmpera espiritual e emocional daqueles que vão trabalhar para o Senhor nas inumeráveis atividades e encargos da sua sacrossanta obra. “Para isto fomos chamados”, está escrito, tendo nisto o exemplo de Cristo para o nosso conforto e instrução (1Pe 2.21-23). O trabalho do Senhor é sério e requer a nossa total entrega e consagração. Um obreiro relaxado, displicente e faltoso deve imediatamente, diante de Deus, mudar para melhor, ou dar o lugar para outro que faça o serviço, com seriedade e da melhor forma possível (1Co 4.9; 2Co 11.23-27).

 

III. BOAS NOVAS DA FÉ E DA CARIDADE

 

1. O receio de trabalhar em vão (3.5,6). Nenhum crente passa por esta vida sem sofrer algum tipo de tentação. Nem mesmo Jesus escapou desse processo, a fim de vencer o Tentador e nos legar o seu exemplo. Deus permite a tentação para provar a fé dos crentes. Jesus foi tentado três vezes (Mt 4) e nos mandou orar e vigiar para não entrarmos e nem cairmos em tentação (Mt 26.41; 6.13). As “boas novas” da “fé e caridade” dos irmãos de Tessalônica foram um lenitivo para o apóstolo que ali muito sofrera no início de sua obra (At 17.1-13).

 

IV. A RAZÃO DO VIVER DO OBREIRO (3.7-11)

 

1. “Consolados acerca de vós” (v.7). Paulo ficou feliz e consolado ao saber que os irmãos estavam firmes na fé. E declarou que ele e seus companheiros viviam, por estarem “firmes no Senhor”. “Agora vivemos” (v.8) fala da imensa alegria que enchia a alma do apóstolo pelas boas-novas acerca dos seus filhos na fé de Tessalônica. Quando o Evangelho prospera, o obreiro ganha almas e o trabalho avança, o Diabo não fica satisfeito. Ou do lado de dentro (entre os crentes), ou do lado de fora (entre os descrentes), Ele sempre lutará contra a obra. Todavia, com oração, jejum e fé em Jesus e nas infalíveis promessas da Bíblia, o inimigo é derrotado, e a obra de Deus prevalece.

2. Orando dia e noite pelo trabalho (v.10). A mensagem que Paulo ministrou em Tessalônica foi eficaz e poderosa na unção do Espírito Santo. Para pregar e ensinar na unção de Deus, é necessário horas e horas de estudo e meditação na Palavra, oração e jejum. Paulo e seus amigos oravam “dia e noite” pelos novos crentes. Jesus, em sua missão na Terra, passava longo tempo em oração a sós (Lc 5.16; Mc 1.35; Mt 14.23). No Getsêmani, Ele orou em grande agonia de alma (Lc 22.39-44; Mt 26.36-44). O crente, para vencer, deve orar sem cessar (1Ts 5.17; Ef 6.18).

 

V. CRESCENDO NA FÉ

 

1. O crescimento em amor (v.12). Paulo tinha em seu coração um grande desejo — o crescimento espiritual dos irmãos: “E o Senhor vos aumente e faça crescer em caridade…” (3.12). Vejamos como deve ser esse crescimento:

a) Em amor, “uns para com os outros”. Trata-se do amor fraternal, que deve existir entre os próprios crentes na igreja local. Esse amor, demonstrado na prática (caridade), é a marca registrada do cristão, do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.34,35). Esse sinal distintivo não é o cargo ou função que se exerce na igreja local. Não e pregar ou cantar bem. O amor divino praticado em 1Co 13.4-7 é o emblema do verdadeiro crente.

b) “Para com todos”. É o amor para com todas as pessoas, mesmo que não sejam cristãs. Não é fácil amar todas as pessoas. Há pessoas corruptas, inimigas e perseguidoras do evangelho, mas precisamos amá-las; do contrário, Jesus não teria nos dado essa ordem. Ele nos mandou amar nossos próprios inimigos! (Mt 5.44-47).

c) “Como também nós para convosco”. É o amor do obreiro para com os novos crentes, mesmo fracos, inconstantes e frágeis. Há obreiros que amam a obra, entretanto aborrecem os irmãos; dedicam-se ao cargo, mas desprezam os crentes; gostam de pregar, ensinar, porém rejeitam as pessoas. O crescimento espiritual equilibrado exige, antes de tudo, o crescimento em amor, como diz o versículo 12. Ao mesmo tempo, o crente precisa crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18).

2. Crescendo em santidade (3.13). Se o amor é a marca registrada do cristão, a santidade é o meio pelo qual ele poderá chegar a Deus (Hb 12.14). “O que anda num caminho reto, esse me servirá” (Sl 101.6). A santificação é indispensável na vida de cada crente, principalmente dos obreiros que precisam ser exemplo dos fiéis (1Tm 4.12). Paulo sabia o quanto a santidade é importante para quem deseja ser salvo e íntegro (Tt 2.7,15; 1Pe 5.3). Antes de exortar ou exigir a santidade dos outros, o homem de Deus tem de ser o exemplo. O ensino bíblico aqui aponta três grandiosos aspectos da santidade:

a) Santidade “diante de nosso Deus e Pai”. Cada crente deve ter consciência de que, antes de estar diante de qualquer pessoa, cristã ou não, está diante de Deus que tudo sabe, tudo vê, e está em todo o lugar.

b) Santidade “na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. A razão de ser da vida cristã é ser salvo para esperar um dia o encontro com Cristo, seja pela ressurreição, seja pelo arrebatamento da Igreja na sua vinda.

c) Santidade “com todos os santos”. Somente os santos do Senhor irão com Jesus na sua vinda, ou seja, os salvos por Cristo. Essa irrepreensibilidade tem de envolver todo o ser em sua tricotomia: espírito, alma e corpo (1Ts 5.23).

 

CONCLUSÃO

 

Todo o crente precisa estar firmado na fé e na doutrina cristã (1Tm 4.6b). A igreja, por meio de seus obreiros, deve atentamente cumprir sua parte. O crente, por sua vez, precisa aproveitar todas as oportunidades para obter instrução na Palavra de Deus, inclusive na Escola Dominical de sua igreja. O cuidado de todo o obreiro deve ser o de zelar pela vida espiritual daqueles que aceitam a Cristo. Evangelizar e discipular têm de ser os principais objetivos do ministério pastoral.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“Versículos 1-5: O apóstolo enviou Timóteo para confirmar e consolar os tessalonicenses; 6-10: Regozija-se por causa da boa notícia da fé e do amor deles; 11-13: E por seu crescimento na graça.

Vv.1-5. Quanto mais prazer acharmos no caminho de Deus, mas desejaremos perseverar neste. Paulo quis confirmar e consolar os tessalonicenses quanto ao objeto de sua fé, que Jesus Cristo é o Salvador do mundo. E acerca da recompensa da fé, que era mais do que suficiente para compensar todas as suas perdas pessoais e recompensar todos os seus esforços. Porém, temia que o seu trabalho fosse em vão. Se o Diabo não puder impedir que os ministros trabalhem na Palavra e na doutrina, se lhe for possível, procurará prejudicar o êxito destes trabalhos […].

Vv.6-10. A gratidão a Deus é muito imperfeita neste estado atual, e uma das grandes finalidades do ministério da Palavra é ajudar a fé a progredir. O instrumento para obter a fé é também o meio para aumentá-la e confirmá-la, a saber, as ordenanças de Deus […].

Vv. 11-13. A oração é um culto religioso, e todo o culto religioso deve ser prestado exclusivamente a Deus. O culto deve ser oferecido ao Senhor, como sendo o nosso Pai. A oração não somente deve ser oferecida em nome do Senhor Jesus Cristo, mas também ao próprio Cristo como nosso Salvador e Senhor […]” (HENRY, Matthew. Comentário bíblico de Matthew Henry. RJ: CPAD, 2002, pp.1014,1015).

 

GLOSSÁRIO

 

Cadinho: Vaso metálico ou de material refratário, utilizado em operações químicas a temperaturas elevadas; crisol.

Distintivo: Coisa que distingue; emblema, insígnia.

Forjar: Aquecer e trabalhar na forja; caldear.

Resoluto: Audaz, corajoso, decidido, determinado, desembaraçado, ativo.

Têmpera: Consistência que se dá aos metais, especialmente ao aço, introduzindo-os candentes em água fria.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

HENRY, Matthew. Comentário bíblico de Matthew Henry. RJ: CPAD, 2002.

AYRES, Antonio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. CPAD, 7ª Edição, 2003.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Por que Paulo não pôde retornar à Tessalônica?

R. Porque Satanás o impediu.

 

2. Como deve ser a exortação?

R. Com “longanimidade e doutrina”.

 

3. Por que Paulo ficou feliz e consolado?

R. Por saber que os irmãos estavam firmes na fé.

 

4. Quanto tempo Paulo e seus amigos gastavam em oração pelos novos crentes?

R. Eles oravam dia e noite.

 

5. O que exige o crescimento espiritual equilibrado?

R. Exige, antes de tudo, o crescimento em amor.