LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

4º Trimestre de 2016

 

Título: Em Espírito e em verdade — A essência da adoração cristã

Comentarista: Thiago Brazil

 

 

Lição 1: O real significado da adoração e do louvor

Data: 02 de Outubro de 2016

 

 

TEXTO DO DIA

 

Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou(Sl 95.6).

 

SÍNTESE

 

O louvor e a adoração são os atributos que o verdadeiro cristão consagra a Deus.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Dt 6.4

O primeiro grande mandamento

 

 

TERÇA — Jó 1.20

Adoração como reconhecimento da soberania de Deus

 

 

QUARTA — Mt 4.10

O Senhor Deus é o único que merece louvor e adoração

 

 

QUINTA — Sl 22.3

O louvor como instante da manifestação da presença divina

 

 

SEXTA — Mt 21.16

O perfeito louvor

 

 

SÁBADO — 2Cr 7.3

Adoração e louvor, o fundamento de nosso relacionamento com Deus

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • APRESENTAR a busca pela adoração como algo essencial ao ser humano.
  • RELACIONAR adoração e louvor com amor e obediência.
  • DISCUTIR a respeito dos perigos que corre uma igreja quando não vive em adoração.

 

INTERAÇÃO

 

Olá professores(as), novo trimestre — expectativas renovadas, novas oportunidades para crescimento. O tema que estudaremos está diretamente ligado ao nosso cotidiano na Igreja. Por isso, nosso desafio é torná-lo empolgante e contextualizado à sua realidade local. Nossas aulas não podem ser momentos de debates teológicos inúteis, e sim, instantes de formação espiritual continuada para esta nova geração que o Senhor levanta. Lembre-se, sua classe é de jovens, eles estão cheios de expectativas, incertezas e projetos. Faça dos momentos na Escola Dominical espaços de ministração mútua, abençoe a vida deles sendo um instrumento de Deus para apontar uma vida espiritual mais profunda e viva. Permita-se ser renovado pelas esperanças juvenis deles, afinal de contas, a Bíblia revela que há neles uma força que vem de Deus e da sua Palavra. Que suas aulas tornem-se, para vocês, inesquecíveis encontros de louvor e adoração ao Pai.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

O conhecimento não pode ser visto como algo restrito ao educador(a), seus educandos possuem um universo cultural riquíssimo e que precisa ser valorizado durante as aulas da ED. Por isso, uma boa sugestão didática é iniciar esta aula com a metodologia denominada Brainstorming ou “Tempestade Mental”, “Tempestade de Ideias”. A execução é muito simples. Inicie sua aula com as seguintes indagações: “O que é louvor e adoração?”; “Existe alguma diferença entre louvar e adorar? Qual?” Ou ainda com um pedido: “Defina em uma palavra cada um desses conceitos: adoração e louvor”. Identifique as características do que seja louvor e adoração. Daí em diante, deixe os educandos livres para participarem, anote as opiniões de cada um, compare as respostas, averigue se existem opiniões conflitantes, solicite aperfeiçoamento. Por fim, use, sempre que possível, as participações dos educandos como fio condutor para a aula a ser ministrada.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Marcos 12.28-34.

 

28 — Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar e, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?

29 — E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.

30 — Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.

31 — E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.

32 — E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele;

33 — e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.

34 — E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Adorar e louvar são as duas faces de uma mesma moeda muito cara para nós: nosso relacionamento com Deus. Isto é um fato: quem não adora ou louva ao Pai sequer consegue se perceber como alvo do amor do Criador. Por isso, durante os próximos três meses estudaremos a respeito dos fundamentos de nossa adoração e louvor a Deus. O objetivo é aprofundar nossa relação com Deus. Muito mais que um árido e estéril exercício de diferenciações terminológicas, nossas aulas serão momentos reservados para, em comunidade, desenvolvermos nossa intimidade com Deus e o amor ao próximo.

 

I. A SINCERA DÚVIDA DE UM ESCRIBA

 

1. A relação de Jesus com os líderes religiosos de sua época. O contexto no qual está inserida a porção bíblica de nossa leitura em classe demonstra bem a convivência tumultuada entre Jesus e as autoridades religiosas de sua época. Quando de sua entrada triunfal em Jerusalém Ele foi criticado pelos fariseus (Lc 19.38-40). Depois de expulsar os vendedores do Templo, escribas e sacerdotes tramaram matá-lo (Mc 11.17,18). Sacerdotes, escribas e anciãos tentaram constituir provas para uma acusação de blasfêmia indagando sobre sua autoridade (Mc 11.27,28). Sacerdotes e fariseus quiseram prendê-lo (Mt 21.45,46), herodianos e fariseus buscaram induzi-lo ao erro de insubordinação contra César (Mc 12.13-17) e saduceus procuraram embaraçá-lo com uma questão a respeito da interpretação da lei (Lc 20.27-33).

2. A dúvida do escriba. Em meio a tantos embates, um daqueles religiosos parece fazer uma pergunta genuína, desprovida de segundas intenções: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” (Mc 12.28). Claro que a inquietação do doutor da lei não era sobre a sequência dos mandamentos, isto ele como guardião da lei sabia muito bem. O questionamento era sobre qual o maior, o mais importante, o mandamento imprescindível. Jesus cita o Shema Judaico, isto é, a clássica declaração de Deuteronômio 6.4-9 que se inicia com o imperativo “ouve”, que no curso da construção da sociedade judaica tornou-se uma espécie de “declaração de fé”. Todavia, a conclusão que o escriba tira das palavras citadas por Jesus é dura para o sistema religioso tradicional, pois como conclui o doutor da lei, amar a Deus e ao próximo como a si mesmo é mais importante “do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12.33).

3. A declaração de Jesus. Diante de uma afirmação tão radical, que colidia diretamente com a natureza do culto sacrifical judaico, enfraquecido, mas ainda existente naquela época, Jesus, assegura ao escriba que suas convicções o aproximam do Reino de Deus (Mc 12.34). Jesus denuncia mais uma vez aqui neste texto que adoração não tem relação com o que possuímos, isto é, com o “capital” (financeiro, social ou intelectual) que temos, mas com aquilo que somos. Se reconheço que não sou nada e que Deus é incomparável, então sou adorador! Se não sou egoísta, mas percebo o outro como meu irmão, merecedor de toda a misericórdia e amor que necessito, estou louvando a Deus! O que faço não deve ser consequência de uma cobiça por algo a receber, mas o resultado de um autoconhecimento básico: sou filho amado do Pai e membro do Corpo de Cristo.

 

 

Pense!

 

É notório que boa parte dos conflitos que Jesus tinha com as pessoas que comandavam o mundo religioso de sua época estava relacionada à sua visão sobre adoração e louvor.

 

 

Ponto Importante

 

Ao ser indagado sobre o “maior mandamento”, Jesus não declara apenas: “Adorar a Deus!”, o Mestre preocupa-se em afastar sua resposta da pura teoria e procura contextualizá-la associando-a diretamente ao amor a Deus e ao próximo, conceitos muito mais acessíveis a qualquer pessoa.

 

 

II. A RESPEITO DA ADORAÇÃO INDIVIDUAL

 

1. Possíveis definições para louvor e adoração? Provisória e precariamente, podemos descrever adoração e louvor como um estado de consciência onde se reconhece simultaneamente a grandiosidade de Deus e a efemeridade da condição humana. É a busca insaciável por mais da pessoa de Deus, sem nenhum interesse alheio a esse fim. É desejo pessoal de dedicar o máximo de si a Deus e ao próximo. Partindo destas ideias fica evidente que existem níveis e intensidades diferentes na adoração e louvor, não necessariamente uma hierarquia ou uma escala.

2. A espontaneidade e simplicidade na adoração. Adoração não pode ser mecanizada. Celebrações como “tarde de adoração”, “noite dos adoradores” podem ter um ótimo apelo midiático, mas não possuem garantias espirituais. É possível a realização de cultos com outros fins — políticos, econômicos, pessoais — que não a adoração. Nunca se deve associar a adoração e o louvor a uma sequência de protocolos a serem seguidos, e que não podem ser modificados. A adoração e louvor, por vezes, estão relacionados na Bíblia a situações de fortes sentimentos, arrebatamentos, e muitas vezes surpreendentes (Dn 10.7-10; At 22.7). Ao falar a respeito do “perfeito louvor”, Jesus cita a pureza e simplicidade das crianças (Mt 21.16). Logo, devemos entender que louvar a Deus, ainda que seja algo feito em um contexto coletivo, é uma atitude que devemos fazer de forma espontânea, por meio da gratidão, quebrantamento e humilhação.

3. Adoração como acesso individual a Deus. Não dá para adorar mais ou menos, “quase adorar” ou adora-se a Deus ou não! Por isso, muitas pessoas procuram enganar a si mesmas achando que a simples presença num contexto religioso as faz adoradoras do Pai. A verdade é que aqueles que creem e buscam a Deus com simplicidade de coração, com certeza o acharão (Sl 119.7). Deus, durante todo o curso da humanidade, convida-nos a adorá-lo, reconhecê-lo como único Senhor (Sl 29.2; 150.6; Is 55.6). A Bíblia está repleta de narrativas a respeito de pessoas que, em sua disposição pessoal para adorar ao Senhor, foram abundantemente abençoados enquanto adoravam: Isaías teve o pecado perdoado (Is 6.7); Moisés conversou com Deus como quem dialoga com um amigo (Êx 33.11); Jacó teve um encontro inesquecível com Deus (Gn 32.28) e Paulo teve toda sua visão de mundo reorientada (2Co 12.1-10).

 

 

Pense!

 

Adoração e louvor não são uma sequência de protocolos a serem seguidos. Eles devem ser espontâneos e brotar de um coração inteiramente rendido ao Pai.

 

 

Ponto Importante

 

Cada pessoa é única e reage de maneira diferente ao sentir a presença de Deus nos momentos de adoração e louvor.

 

 

III. ALGUNS DESAFIOS NA ADORAÇÃO EM COMUNIDADE

 

1. O cerimonialismo legalista contemporâneo. Normas para se prestar um culto são necessárias, e a própria Bíblia traz essas orientações. Entretanto, um culto que se concentra em ritos e cerimônias, sem contemplar a atuação do Espírito Santo, tende a engessar a liberdade da adoração e do Espírito Santo em atuar na congregação. Para algumas pessoas a adoração está diretamente vinculada à execução de determinadas formalidades espirituais.

2. A irreverência assumida como elemento litúrgico. Em nome de uma suposta modernização, ou para usar um termo técnico, aculturação, algumas igrejas perderam suas identidades. Já não se percebem como manifestações históricas do Reino de Deus, são apenas meros ajuntamentos sociais. Não há nenhum sentimento de reverência nesses locais. Para certos grupos, ir ao shopping e ir à igreja significa a mesmíssima coisa, literalmente. O louvor é um espetáculo de pirotecnia espiritual — às vezes nada mais que muito choro e gritos, outras vezes apenas pulos e aplausos. Letras repetitivas à exaustão, vazias de conteúdo bíblico e até mesmo de sentido lógico, povoam certas igrejas. Em nome de atrair o público jovem o templo transforma-se em um local de entretenimento.

3. O que significa realmente adoração e louvor? Perguntar-se a respeito do que é adorar é um ótimo indício de que você está muito perto de experimentar a plenitude da presença de Deus. Lembra do escriba cheio de dúvidas (v.34)? Adoração e louvor são conceitos amplíssimos, enriquecidos pelas vivências pessoais de cada um de nós. Muito mais importante que saber o conceito é poder testemunhar as experiências quase indescritíveis de ter estado na presença de Deus em amor e obediência, louvor e adoração, fragilidade e plenitude. Não há pressa em compreender o que é adorar e louvar, temos mais doze domingos para nos achegarmos mais a Deus, com muita humildade e temor, e perguntarmos a Ele: podes me ajudar a viver diante de ti uma vida para teu louvor onde tudo o que faça repercuta em adoração ao teu santo nome?

 

 

Pense!

 

Você se sente motivado a louvar e adorar a Deus durante as celebrações em sua igreja? De que forma você pode contribuir para que o ambiente comunitário em que você serve a Deus torne-se um espaço de vivências de adoração?

 

 

Ponto Importante

 

A moderação é uma palavra-chave na construção das liturgias coletivas em uma comunidade. A igreja não pode tornar-se um campo de combate de gostos e opiniões. Princípios como “cuidado com os mais fracos” e “misericórdia” sempre devem estar presentes.

 

 

CONCLUSÃO

 

Ao falarmos de louvor e adoração precisamos ter a consciência de que estamos lidando com temas absolutamente relevantes para o Reino de Deus. Neste tempo de poucos referenciais e muitos escândalos, desenvolver um senso coletivo de intimidade e temor a Deus será essencial para o amadurecimento de nossas igrejas.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

SILVA. E. R. Adoração sem limite: Um coração aos pés de Cristo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Apresente, segundo sua vivência espiritual, uma definição para o que seja louvor e adoração.

Resposta pessoal. Sugestão: Adoração é um desejo pessoal de dedicar o máximo de si a Deus e às demais pessoas.

 

2. É possível separar louvor e adoração? Justifique sua resposta.

Sim. Adoração pode ser vista como uma veneração piedosa a Deus e louvor como uma manifestação pessoal de gratidão e reconhecimento do senhorio a Deus.

 

3. Por que a conclusão que o escriba chega a partir de sua conversa com Jesus merece ser chamada de sábia resposta?

Porque por meio desta resposta, o escriba demonstra que compreendeu que adoração e louvor são o resultado espontâneo de um coração livre, e não de um sistema de práticas religiosas.

 

4. Quais os dois perigosos extremos em que a igreja pode cair quanto ao louvor e adoração.

Cerimonialismo legalista e Liberalismo litúrgico.

 

5. Quais os riscos que surgem quando a igreja não é um lugar de adoração e louvor?

Cultura de irreverência, descaracterização do louvor, formalismo e esvaziamento da fé.

 

SUBSÍDIO

 

“ADORAR. sāhāh: ‘adorar, prostrar-se, curvar-se’. Esta palavra é encontrada no hebraico moderno no sentido de ‘curvar-se’ ou ‘inclinar-se’, mas não no sentido geral de ‘adorar’. O fato de que ocorre mais de 170 vezes na Bíblia hebraica mostra algo do seu significado cultural. Aparece pela primeira vez em Gênesis 18.2. O ato de se curvar em homenagem é feito diante de um superior ou soberano. Davi ‘se curvou’ perante Saul (1Sm 24.8). Às vezes, é um superior social ou econômico diante de quem a pessoa se curva, como quando Rute ‘se inclinou’ à terra diante de Boaz (Rt 2.10). Num sonho, José viu os molhos dos seus irmãos ‘inclinando-se’ diante do seu molho (Gn 37.5,7,8). A palavra sāhāh é usada com o termo comum para se referir a ir diante de Deus e na adoração (ou seja, adorar), como em 1 Samuel 15.25 e Jeremias 7.2. Às vezes está junto com outro verbo hebraico que designa curvar-se fisicamente, seguido por ‘adorar’, como em Êxodo 34.8: ‘E Moisés ... encurvou-se [‘adorou’ — ARA]’. Outros deuses e ídolos também são o objeto de tal adoração mediante a ação de se prostrar diante deles (Is 2.20; 44.15.17)” (VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR., William. Dicionário Vine. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2007. p.31).