LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

2º Trimestre de 2017

 

Título: O Sermão do Monte — A justiça sob a ótica de Jesus

Comentarista: César Moisés Carvalho

 

 

Lição 9: A bondade divina e a regra de ouro

Data: 28 de Maio de 2017

 

 

TEXTO DO DIA

 

E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também(Lc 6.31).

 

SÍNTESE

 

A bondade divina é infinitamente maior que a que os homens demonstram aos seus filhos. Mesmo assim, somos ensinados a fazer aos outros àquilo que gostaríamos que fizessem a nós.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Lc 11.5-8

A insistência e a oportunidade

 

 

TERÇA — Lc 11.9,10

A procura e a resposta

 

 

QUARTA — Lc 11.11-13

Somos maus, mas sabemos dar boas coisas aos nossos filhos

 

 

QUINTA — Mt 22.34-40

O grande mandamento da Lei

 

 

SEXTA — Rm 13.10

O cumprimento da Lei

 

 

SÁBADO — 1Tm 1.5

A finalidade do mandamento

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • DISTINGUIR a necessária prática diuturna da oração da repetição mecânica desta;
  • CONTRASTAR a bondade divina com a maldade humana;
  • PRATICAR a Regra de Ouro tal como apresentada por Jesus.

 

INTERAÇÃO

 

“Tratar os demais como nós mesmos gostaríamos de ser tratados” é um conhecido dito popular. Contudo, ao analisar melhor tal sentença, é possível perceber que ela diz mais do que conseguimos enxergar em uma primeira leitura. A forma como todos gostamos de ser tratados é algo bastante pessoal. Um exemplo ilustra o ponto: Há pessoas que preferem ser chamadas de maneira formal (senhor/senhora), mesmo tendo pouca idade, ao passo que outras, mais idosas, preferem a informalidade (você). Tratá-las como “gostaríamos de ser tratados” significa justamente observar essa regra. Não nos cabe exigir que as pessoas gostem das mesmas coisas que nós, pois isso seria tratá-las como nós — e não elas — pessoalmente gostamos de ser tratados e não como elas, segundo suas predileções, gostariam de ser consideradas. Isso, porém, não significa que devemos concordar com tudo que as pessoas gostam/fazem e vice-versa. Tal distinção é necessária, pois não se pode confundir educação e boas maneiras com concordância acrítica e descompromissada de práticas reprováveis. Cuidemos, entretanto, de não tornar os nossos “gostos pessoais” a regra, segundo a qual, avaliamos as pessoas.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

A aula de hoje é uma excelente oportunidade para averiguar o quanto somos educados, tolerantes e sabemos respeitar os gostos e opiniões alheias. É interessante observar que o Mestre pontua a questão da maldade intrínseca do ser humano, mas demonstra, por outro lado, que existe um mínimo de bondade que se encontra preservada neste, podendo ser conferida através da maneira "natural" com que trata sua prole e/ou família. Por conseguinte, não se concebe a ideia de alguém que afirma crer em Deus, mas é mal-educado, intolerante e não respeita a opinião do outro. Isso, é bom dizer, não significa que você não possa ter sua própria opinião e convicção sobre as coisas, mas apenas sinaliza para a necessidade de saber conviver com as diferenças. Distribua para todos os presentes o breve questionário abaixo, solicitando que cada um assinale uma das alternativas. Em seguida escreva a legenda no quadro para que cada aluno compare com sua marcação.

 

1. Respeito a opinião, os gostos e preferências das pessoas, mesmo que sejam diferentes do que penso e aprecio?

(    )   Sempre    (    )   Às vezes    (   )   Nunca

 

2. Cumprimento as pessoas independentemente de como esteja o meu dia ou humor?

(    )   Sempre    (    )   Às vezes    (   )   Nunca

 

3. Desfaço uma amizade por causa de discordância?

(    )   Sempre    (    )   Às vezes    (   )   Nunca

 

4. Agradeço, peço licença e solicito algo pedindo “por favor”?

(    )   Sempre    (    )   Às vezes    (   )   Nunca

 

5. Só me comunico com pessoas que concordam em tudo comigo?

(    )   Sempre    (    )   Às vezes    (   )   Nunca

 

Se você marcou uma vez a opção “Sempre” nas questões 2, 3 e 5, é bom cuidar-se. Se essa opção foi marcada em duas dessas perguntas, você precisa melhorar rapidamente. Três vezes, significa que você deve ter poucos ou quase nenhum amigo. Se elas foram assinaladas no “Às vezes”, talvez seu problema seja de variação de humor. Se nas três delas você marcou “nunca”, apenas avalie se faz isso de coração, tendo suas convicções preservadas ou se não tem opinião alguma ou só quer agradar.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Mateus 7.7-12.

 

7 — Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.

8 — Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre.

9 — E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?

10 — E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?

11 — Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?

12 — Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Os seis versículos da lição de hoje encerram grandes ensinamentos. Os primeiros cinco retomam verdades que já foram implicitamente trabalhadas na oração do Pai-Nosso e também nas orientações gerais sobre o ato de orar (Mt 6.5-13). O Mestre retoma igualmente os ensinos acerca da ansiedade pela vida (Mt 6.25-34). Entretanto, em relação a este último aspecto do discipulado, Cristo instrui, primeiramente, em detalhes e agora o coloca de forma implícita em forma de orientação a respeito da “frequência” com que se deve orar (vv.7,8). A confiança no Pai é ensinada com base na própria bondade humana que, como se sabe, é limitadíssima (vv.9-11). Finalmente, um dos textos mais populares e que é repetido até mesmo por pessoas que não creem em Deus: a regra de ouro é apresentada pelo Mestre como síntese da Lei (v.12).

 

I. PEDIR, BUSCAR E BATER

 

1. A vida orante. É preciso ter em mente que o Mestre dirige-se aos seus discípulos e que eles são judeus. É acerca da justiça do Reino que Ele está a ensinar. Sendo assim, como a abnegação e a confiança são pré-requisitos indispensáveis aos que atenderam ao chamado de Jesus (Mt 6.25-34), o Mestre instrui agora acerca da “vida orante”, ou seja, da adoção de um estilo de vida que tem a oração como uma constante (v.7). A constância aqui nada tem com as vãs repetições que foram reprovadas anteriormente, posto que aquelas consistem em palavrórios vazios de quem não tem discernimento do caráter de Deus (Mt 6.7,8,32,33). A questão visada aqui não é algo circunstancial, mas perene e profundamente espiritual indo além das necessidades básicas que já são conhecidas pelo Pai (Lc 11.9-13).

2. “Pedi”, “buscai” e “batei”. Através de três verbos, o Mestre ensina acerca da constância e do estilo de vida do discípulo no que diz respeito à oração: “Pedi”, “buscai” e “batei” (v.1). São ações e não meramente contemplações. Quem pede demonstra humildade, pois reconhece sua necessidade (Mt 15.21-28). Buscar está relacionado ao reconhecimento de que há algo mais que precisa ser encontrado, obtido. Não quer dizer inconformismo egoísta, mas a não aceitação de um estado de apatia espiritual e de falta de comunhão (Jr 29.11-14). Finalmente, o que bate sabe que depende da benevolência e da sensibilidade de quem está do “lado de dentro”. Portanto, precisa contar com tal confiança (At 12.16; Ap 3.20).

3. Receber, encontrar e abrir. Quem tomou a decisão de pedir, buscar e bater, tem do Mestre a confiança de que “aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre” (v.8). Adotar esse estilo de vida orante, significa manter-se em um estado de perpétuo reconhecimento. Não é algo que deve se apresentar apenas em momentos de dificuldades que atingem a todos indistintamente. Comportar-se dessa maneira significa reconhecer a total dependência que temos do Criador (At 17.24-28).

 

 

Pense!

 

Com os afazeres da vida, o envolvimento on-line quase que 24 horas, você acha possível adotar um estilo de vida orante?

 

 

Ponto Importante

 

A petição do estilo de vida orante não se restringe às necessidades básicas e, muito menos, a desejos caprichosos e individualistas, mas é um reconhecimento da nossa dependência divina.

 

 

II. A BONDADE DIVINA E A MALDADE HUMANA

 

1. O amor paternal humano. Em continuidade ao seu ensino acerca do estilo de vida orante, o Mestre agora evoca a figura paterna para demonstrar o quanto se pode confiar em Deus. Qual pai, em sã consciência, ao pedido de alimento do filho lhe dará uma pedra, ou, “pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?” (vv.9,10). Evidentemente que os dois elementos aqui colocados para exemplificar os cuidados paternais — pão e peixe — são típicos da sociedade daquela época. No entanto, a mensagem é clara: salvo os comportamentos patológicos que existem, qualquer pai, em condições normais, cuida do filho e quer o melhor para ele (Lc 15.11-32).

2. A maldade inata do ser humano. Apesar de este não ser o propósito do ensino do Mestre, Ele reitera uma doutrina cara da fé cristã que é o fato de a humanidade ser pecadora por natureza (Gn 3; Rm 5.12), ou seja, os atos de bondade que somos capazes de exercer não nos tornam bons, pois somos maus (v.11).

3. A infinita bondade divina. A capacidade humana de praticar um ato de bondade ante a necessidade do filho, a despeito de o ser humano ser mau, faz com que Jesus tome tal situação como referência para exemplificar a infinita bondade do Pai (v.11). Em outros termos, se nós, sendo maus, temos capacidade de dar coisas boas aos nossos filhos, que dirá Deus, que é infinitamente bondoso (1Jo 4.8). Dessa forma, a pergunta do versículo 11 é retórica, pois é claro que Deus é indiscutivelmente mais digno da nossa confiança, pois Ele é bom para todos, independentemente das circunstâncias (Sl 118.1; Is 49.15,16; Lc 18.19; Mt 5.44,45).

 

 

Pense!

 

Como os pais “normais” comportam-se diante dos pedidos egoístas dos filhos?

 

 

Ponto Importante

 

O discípulo não é como os pagãos que não possuem entendimento algum sobre Deus. Por isso, seus pedidos precisam ser conscientes e nunca individualistas e egoístas.

 

 

III. A REGRA DE OURO E A COMPLETUDE DA LEI

 

1. A regra de ouro. Conhecida até mesmo, de alguma forma, por pessoas que não leem a Bíblia, a regra de ouro consiste em um ditado que, em sua forma negativa (“Não faça aos outros, o que não queres que façam a ti”) era muito difundida no mundo antigo. Alguns autores defendem ser ela, em sua forma positiva (v.12), uma criação de Jesus. Entretanto, pesquisas realizadas no campo da literatura greco-romana e rabínica, demonstram sua existência em outros lugares e cultura.

2. A novidade da regra de ouro em Jesus. Como qualquer ditado que, devido ao seu uso popular, tende a se tornar um chavão desgastado e raramente praticado, Jesus surpreende ao relacionar a regra de ouro àquilo que era mais caro aos judeus: as Escrituras Veterotestamentárias (v.12). Nesse sentido, uma vez mais o Mestre demonstra que não veio para “pisar” na Lei, e sim dar-lhe pleno sentido e cumprimento (Mt 5.17).

3. A Lei e os Profetas. Considerando o volume físico do material do Antigo Testamento, inscrito em papiros e, posteriormente, em pergaminhos, sendo, por isso mesmo, de difícil reprodução, não há dificuldade alguma em imaginar o que o Mestre fez ao acrescentar à regra de ouro que o seu cumprimento correspondia a viver integralmente a “Lei e os Profetas”. Sendo as mentes judias disputadas por várias escolas rabínicas e estas, monopolizadoras do Antigo Testamento, não é difícil entender a revolução que foi afirmar que toda discussão teórica em torno de minúcias da Lei de nada valiam, mas sim o agir em amor, o fazer (praticar, realizar) aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Esta sim era uma atitude que significava viver, integralmente, o que ensinava a Lei e os Profetas (Mt 22.34-40).

 

 

Pense!

 

Você realmente faz aos outros àquilo que gostaria que fizessem a você?

 

 

Ponto Importante

 

Uma vez mais o Mestre ensina que a vontade de Deus não é contemplação, mas ação. Saber sobre a Lei e os Profetas não é tão importante quanto cumprir o que lá está escrito, isto é, amar e agir como gostaríamos que agissem conosco.

 

 

CONCLUSÃO

 

Pedir, buscar e bater são atitudes que indicam reconhecimento de que se está necessitado e de que há falta de algo. O apelo se dirige a quem, a priori, acreditamos nos ser propício e benevolente, posto que confiamos que irá nos atender. Outro grande ensinamento do Senhor é que, fazer aos outros primeiro o que gostaríamos que fosse feito a nós é o que, de fato, significa cumprir o que está na Lei e nos Profetas. Para o judeu este é o maior de seus anseios e objetivos. Mas, e para os discípulos? Sua justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Logo, deve ter algo mais profundo. E Jesus revela isso em João 13.34.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

TENNEY, Marill. Tempos do Novo Testamento: Entendendo o mundo do Primeiro Século. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. O que seria a vida orante?

A adoção de um estilo de vida que tem a oração como uma constante.

 

2. Apesar de não ser a intenção de Jesus, o que Ele reiterou a respeito do ser humano?

O fato de a humanidade ser pecadora por natureza (Gn 3; Rm 5.12), ou seja, os atos de bondade que somos capazes de exercer, não nos tornam bons, pois somos maus (v.11).

 

3. Qual foi a novidade acrescentada por Jesus à regra de ouro?

Ele relacionou a regra de ouro àquilo que era mais caro aos judeus: as Escrituras Veterotestamentárias (v.12).

 

4. Em que consiste o cumprimento da Lei e dos Profetas?

O agir em amor, o fazer (praticar, realizar) aos outros àquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Esta sim era uma atitude que significava viver, integralmente, o que ensinava a Lei e os Profetas (Mt 22.34-40).

 

5. Após essa lição, como será para você ouvir as pessoas repetirem a regra de ouro novamente?

Resposta pessoal.

 

SUBSÍDIO I

 

“Pedir, Buscar, Bater: Jesus fala da oração (7.7-12)

Interpretação. Duas observações essenciais para nossa interpretação. Jesus está falando estas palavras como incentivo. Jesus está falando de súplica, não de outras formas de oração. Nós sabemos que as palavras de Deus devem ser interpretadas como um incentivo e não como um mandamento, porque cada exortação vem acompanhada de uma promessa:

• Pedi e dar-se-vos-á.

• Buscai e encontrareis.

• Batei e abrir-se-vos-á.

Isto leva à pergunta imediata: Por que precisamos ser incentivados a levar nossas súplicas a Deus?

A resposta pode estar sugerida no contexto total do ensino de Jesus. O relacionamento com Deus é verdadeiramente uma coisa ‘em secreto’. Os incrédulos não podem ver, tocar nem sentir ‘Deus’. Nem nós! Quando oramos, damos um salto de fé, confiando em um Ser invisível para atuar em nosso nome no universo material. À medida que começamos a praticar a oração, precisamos da certeza provida pelas promessas de Jesus” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.36).

 

SUBSÍDIO II

 

“Pedir, Buscar, Bater

Se os pais humanos, que são maus, dão coisas boas aos seus filhos, Deus, que é completamente bom, certamente dará coisas boas àqueles que Lhe pedirem. Isto verdadeiramente é incentivo. Deus não apenas responderá nossas orações, mas, sua resposta nascerá de seu amor de Pai por nós, e será verdadeiramente uma ‘coisa boa’. Em segundo lugar, o tipo de oração que Jesus está ensinando é a súplica. Isto não é louvor, nem ação de graças, nem contemplação. É pedir a Deus por alguma coisa que é vital para nós. Nós sabemos disto porque Jesus descreve a oração como pedir, buscar e bater. ‘Pedir’ é um ato de oração na sua forma mais simples. ‘Buscar’ transmite intensidade, uma ‘sinceridade fervorosa’. E ‘bater’ retrata persistência. Nós batemos à porta do céu, e continuamos batendo! É importante não confundir o que Jesus está dizendo com o estabelecimento de condições que, se cumpridas, levarão Deus a nos responder. Jesus não está dizendo que se você pedir com fervor o suficiente, Deus responderá sua oração. Ele simplesmente está dizendo que quando sentirmos uma necessidade tão intensa que nos leve ao Senhor repetidas vezes, não devemos nos sentir desencorajados, mesmo se a resposta parecer atrasada. Deus verdadeiramente se preocupa com estas coisas que importam para os seus filhos. E Deus responde às nossas súplicas dando-nos boas coisas” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, pp.36-37).