LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

4º Trimestre de 2018

 

Título: O vento sopra onde quer — O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja.

Comentarista: Alexandre Coelho

 

 

Lição 2: Como os Pentecostais interpretam a Bíblia

Data: 14 de Outubro de 2018

 

 

TEXTO DO DIA

 

Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti(Sl 119.11).

 

SÍNTESE

 

Ler a Bíblia de forma correta é importante não apenas para que entendamos perfeitamente a sua mensagem, mas também para que a pratiquemos.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — At 18.4

A Palavra usada de modo correto convence as pessoas

 

 

TERÇA — At 8.30

Entendes o que lês?

 

 

QUARTA — Sl 119.97

O amor à Lei de Deus

 

 

QUINTA — Os 4.6

A falta de entendimento faz o povo perecer

 

 

SEXTA — Mt 7.24

Construindo sobre um alicerce sólido

 

 

SÁBADO — Tg 1.22

Sejamos praticantes da Palavra de Deus

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • COMPREENDER a importância de ler e interpretar a Bíblia corretamente;
  • MOSTRAR a forma como o pentecostal lê a Bíblia;
  • CONSCIENTIZAR de que o livro de Atos tem caráter descritivo e prescritivo.

 

INTERAÇÃO

 

Existem vários métodos de interpretação das Sagradas Escrituras, porém não podemos nos esquecer de que precisamos compreender o texto sagrado corretamente e praticá-lo (Tg 1.22). Muitos veem o livro de Atos, e algumas partes da Bíblia, apenas como uma narrativa histórica com acontecimentos que fizeram parte somente de uma época da história da Igreja, como por exemplo, o batismo com o Espírito Santo. A falta de conhecimento leva as pessoas a rejeitarem e a falarem mal daquilo que não conhecem com profundidade. Que a aula de hoje venha contribuir para que seus alunos tenham uma visão correta a respeito do livro de Atos e da forma como o interpretamos. Pois, o Espírito Santo não é um mito, uma força, um vento. Ele é a Terceira Pessoa da Trindade que foi enviado a este mundo com uma missão específica: convencer o homem do pecado, da justiça, do juízo e edificar os crentes e a Igreja do Senhor mediante a concessão de dons espirituais.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), escreva no quadro as palavras hermenêutica bíblica. Em seguida pergunte os alunos: “O que é hermenêutica bíblica?”. Incentive a participação de todos e ouça-os com atenção. Explique que a hermenêutica bíblica é uma disciplina da Teologia que nos permite conhecer as regras para interpretar e aplicar as Escrituras corretamente. A hermenêutica tem como objetivo estabelecer regras gerais de interpretação, a fim de que tenhamos uma interpretação correta do texto bíblico. Diga que nós pentecostais também fazemos uso dessa ciência. Não interpretamos e aplicamos os textos bíblicos baseados apenas em emocionalismo e experiências pessoais como alguns fazem questão de afirmar alguns. O Movimento Pentecostal preza pela interpretação e aplicação correta dos textos bíblicos.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Atos 2.1-13.

 

1 — Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2 — e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3 — E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4 — E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5 — E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6 — E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7 — E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros; Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?

8 — Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

9 — Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,

10 — e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),

11 — e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.

12 — E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?

13 — E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Um dos maiores desafios dos grupos cristãos evangélicos tem sido a leitura da Bíblia e a sua correta interpretação. A forma como vão expor seus ensinos e principalmente aplicá-los, depende da maneira como leem e interpretam as Sagradas Escrituras. Por isso, há regras que norteiam a interpretação da Bíblia, dirigindo o leitor não apenas ao perfeito entendimento do texto bíblico, mas acima de tudo, motivando-o à aplicação correta. Se lermos o texto sagrado e o interpretamos de maneira imprópria, a aplicação também será imprópria. E de que forma os pentecostais leem a Palavra de Deus? Sua interpretação acerca dos textos de Atos, sobre a vinda do Espírito Santo e o falar em línguas, é correta? Será que os dons espirituais seriam para os nossos dias? As respostas a essas perguntas passam pelo processo de leitura e interpretação corretas da Palavra de Deus.

 

I. POR QUE LER E INTERPRETAR A BÍBLIA CORRETAMENTE

 

1. Ler corretamente para entender corretamente. Um dos segredos para uma vida cristã sadia é o correto entendimento do texto sagrado. Se pensarmos que a Bíblia foi produzida em um contexto diferente do nosso, devemos então acatar princípios que nos ajudem a entendê-la. Para isso, a Teologia elaborou um método que direciona de forma acertada como um cristão deve ler a Bíblia. E por qual motivo isso foi feito? Para que todo cristão, em sua leitura, leve em conta os princípios que lhe permitirão aplicar a leitura bíblica às suas vidas. O desafio de ser um praticante da Palavra de Deus passa, portanto, pela interpretação correta. Não temos dúvida de que certos textos têm uma aplicabilidade imediata, pois não necessita de muitas explicações para a sua compreensão, já que a mensagem traz elementos que são conhecidos de praticamente todas as pessoas, como por exemplo, os Dez Mandamentos: “Não adulterarás”; “Não furtarás”; “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.14-16). Outros textos, como o que se refere a Melquisedeque em comparação ao Senhor Jesus, “rei de justiça e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 72.3), precisam de uma explicação, pois corremos o risco de entendermos que Melquisedeque surgiu do nada, que não teve pai ou mãe. Na verdade, a genealogia de Melquisedeque não é apresentada no texto sagrado, mas ele, como qualquer ser humano, tinha pai e mãe.

O entendimento correto de um texto passa pela sua leitura correta. Tais princípios não têm por objetivo cercear a leitura da Palavra de Deus, e sim fazer com que essa leitura se enquadre dentro do objetivo que o escritor tinha quando foi inspirado a materializar a revelação de Deus de forma escrita.

2. Ler corretamente para ensinar e aplicar. Um dos propósitos da leitura correta das Escrituras é o ensino correto dela. Se uma leitura e interpretação do texto sacro forem dirigidas por premissas equivocadas, tais premissas acarretarão um ensino equivocado da Palavra de Deus. Por sua vez, um ensino equivocado traz práticas equivocadas e danosas para a Igreja de Cristo. Não é à toa que, ao longo do texto sagrado, Deus se encarrega de usar seus servos para que exortem o seu povo a que pratiquem obras corretas e vivam uma existência que, efetivamente, agrada a Deus. Cremos que quando Deus inspirou os escritores a redigirem o texto sagrado, Ele o fez para que a sua vontade fosse praticada (2Tm 3.16,17).

3. O respeito para com o texto sagrado. Deus, ao inspirar seus servos a que escrevessem sua Palavra, o fez em um contexto diferente do nosso. A Bíblia não foi escrita em nenhuma versão em português do século XXI, no Brasil. Foi escrita em pelo menos três línguas diferentes: o hebraico, o grego e algumas porções em aramaico. Homens em posições sociais diferentes, lugares diferentes e em tempos diferentes compuseram o texto que temos hoje em mãos, e para que haja uma correta interpretação desses textos é preciso que respeitemos essas observações. O cristão cuidadoso vai ler o texto sagrado estudando o contexto em que a Escritura foi produzida.

 

 

II. COMO O PENTECOSTAL LÊ A BÍBLIA

 

1. Privilegiando o texto primeiramente na sua literalidade. Crentes pentecostais valorizam a literalidade do texto. Se Jesus disse que em seu nome expulsaríamos demônios, pentecostais não discutem se é possível ou não a libertação de pessoas possessas por espíritos imundos em nossos dias. Simplesmente oram e, crendo nas palavras de Jesus, expulsam demônios. Se Jesus disse que em seu nome seus discípulos falariam em novas línguas, pentecostais entendem que tal evento seria cumprido por Deus (Mc 16.14-20).

É evidente que pentecostais não atribuem literalidade a um texto que não deve ser entendido literalmente. Há textos cujo sentido é figurado, como no caso em que Jesus disse que Ele era a porta, o caminho, o pão do céu. Entendemos que o Senhor se valeu de elementos conhecidos do seu tempo para comunicar verdades por meio de comparações, e que esses elementos não são sempre literais.

O que não se pode é acreditar que. no processo de interpretação da Bíblia, podemos mudar as regras conforme a nossa conveniência.

2. Respeitando o contexto histórico e os gêneros literários. A Palavra de Deus teve sua escrita encerrada há pouco menos de dois mil anos. Portanto, há um hiato de tempo entre nós e os acontecimentos descritos na Bíblia que deve ser observado na leitura e interpretação do texto, pois não se pode esquecer que o tempo, os costumes, a forma como viviam os homens e mulheres daquela época eram diferentes dos nossos. Na Bíblia há textos históricos que registram acontecimentos dentro e fora de Israel, para que fossem conhecidos pelas gerações seguintes (Dt 6.20,21). Há, na Bíblia, poesia descrita com sensibilidade por pessoas que registraram suas emoções com alegria, tristeza, desapontamento e contentamento, mas também confiança em Deus (Sl 42.10,11). Há textos proféticos nos quais Deus usa seus servos para declarar o que ocorrerá no futuro e advertir seu próprio povo a que viva uma vida justa o honre ao Senhor com uma adoração genuína e respeite seus irmãos (Mq 6.8). A Bíblia traz cartas dos apóstolos a pessoas e a igrejas, tendo em vista que os leitores, que agora professavam uma nova fé, precisavam ser instruídos sobre como poderiam viver neste mundo. Esses detalhes precisam ser respeitados no momento da leitura da Bíblia, ou faremos interpretações equivocadas da revelação divina.

3. Entendendo que a Bíblia é a Palavra de Deus. Crentes pentecostais consideram a Bíblia como a Palavra de Deus. Isso implica reconhecer igualmente que a chamada revelação escriturística se completou com o encerramento do Cânon, e que qualquer outra revelação trazida por meio intelectual ou por dons espirituais precisa se curvar à revelação inspirada por Deus em sua Palavra. Cremos que Deus, para a edificação da Igreja, concede dons espirituais que podem trazer, eventualmente, novas diretrizes a grupos ou pessoas, mas nenhuma revelação trazida em nossos dias, seja por profecia, seja pela palavra do conhecimento, pode ser entendida como sendo da parte de Deus se estiver contrária ao que o Senhor já declarou em sua Palavra.

 

 

III. O LIVRO DE ATOS — DESCRITIVO OU PRESCRITIVO

 

1. A ação do Espírito Santo na Igreja. O livro de Atos recebe esse nome por ser o registro dos feitos dos apóstolos após a ascensão de Jesus, mas acima de tudo, é o registro dos atos do Espírito Santo na Igreja e por meio dela. Lucas não apenas se preocupa em registrar o crescimento da Igreja, mas também a forma com que Deus agia para que a mensagem do Evangelho transformasse pessoas e fizesse crescera Igreja (At 2.47b).

2. A interpretação de Pedro. Por ocasião da descida do Espírito Santo no cenáculo, com o sinal de falar outras línguas que transmitiam as grandezas de Deus, o apóstolo Pedro não hesitou em atribuir o fato à profecia de Joel, de que o Espírito de Deus seria derramado em toda a carne. É curioso o fato de que haja crentes em nossos dias que não veem problema na forma como Pedro aplicou a passagem de Joel ao que havia acontecido no Dia de Pentecostes, mas rejeitam que esse derramamento do Espírito de Deus é para os nossos dias. Se examinarmos bem as Escrituras, veremos que tanto Jesus quanto os discípulos conheciam a Palavra e a interpretavam de forma correta.

3. Atos é descritivo ou prescritivo? Essa é uma questão que precisa ser entendida, a fim de que olhemos o livro de Atos como mais do que um livro de história. Quando dizemos que o livro de Atos é meramente uma descrição do que se passou nos primeiros 35 anos da Igreja, queremos dizer que a sua narrativa serve somente de registro histórico, e que não tem a intenção de indicar que os eventos iniciados pelo Espírito Santo devem se repetir em nossos dias. De acordo com essa possibilidade de interpretação, as línguas, as curas, as operações de milagres, revelações e outras ocorrências não deveriam ser correntes na Igreja de nossos dias, pois o livro de Atos tem caráter meramente descritivo. Mas se o livro de Atos tiver o caráter descritivo e prescritivo, então podemos crer que as experiências relatadas por Lucas podem se repetir em nossos dias e o Espírito de Deus é o responsável por milagres, curas e manifestação dos dons operados tanto na Igreja quanto no ministério pessoal.

 

 

CONCLUSÃO

 

Ler e interpretar corretamente a Palavra de Deus é um requisito necessário para que todo cristão cresça na vida espiritual e pessoal. Pentecostais leem as Sagradas Escrituras com zelo e esclarecimento, de maneira que busquem sempre a interpretação correta do texto sagrado. Esse cuidado se dá pela certeza de que a correta interpretação do texto gerará a correta aplicação, e esta redundará na vivência debaixo da vontade e da bênção de Deus.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Segundo a lição, qual o segredo para uma vida cristã sadia?

Um dos segredos para uma vida cristã sadia é o correto entendimento do texto sagrado.

 

2. O que é necessário para um entendimento correto de um texto?

É necessário ler o texto corretamente.

 

3. Cite um dos propósitos da leitura correta das Escrituras.

Ensinar e aplicar corretamente o texto sagrado.

 

4. Quais são as línguas originais da Bíblia?

Hebraico e grego.

 

5. Como o crente pentecostal lê a Bíblia?

Privilegiando o texto primeiramente na sua literalidade; respeitando o contexto histórico e os gêneros literários e entendendo que a Bíblia é a Palavra de Deus.

 

SUBSÍDIO

 

“Nós, pentecostais, nunca vimos o abismo que separa o nosso mundo do mundo do texto em sentido geral. Combinar nossos horizontes com o do texto ocorre naturalmente, sem muita reflexão, em grande parte porque o nosso mundo e o do texto são bastante semelhantes. Tendo em vista que os teólogos e acadêmicos ocidentais dos últimos dois séculos empregaram grandes esforços para saber como interpretar os textos bíblicos que falam da atividade milagrosa de Deus, os pentecostais não foram afligidos com esse tipo de mal-estar. Enquanto Rudolph Bultmann desenvolveu sua demitologização ao Novo Testamento, os pentecostais silenciosamente oravam pelos enfermos e expulsavam demônios. Enquanto os teólogos evangélicos, seguindo os passos de B. B. Warfield, procuravam explicar por que devemos aceitar a realidade dos milagres registrados no Novo Testamento, mas, ao mesmo tempo, não esperar que ocorram hoje, os pentecostais estavam testemunhando que Jesus operava ‘prodígios e sinais’ contemporâneos quando estabeleceu a igreja.

Não, a hermenêutica da maioria dos crentes pentecostais não é exclusivamente complexa. Não está cheia de questões sobre a confiabilidade histórica ou repleta de cosmovisões ultrapassadas. Não é excessiva mente reflexiva sobre os sistemas teológicos, a distância cultural ou as estratégias literárias” (MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, pp.21,22).