LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

4º Trimestre de 2018

 

Título: O vento sopra onde quer — O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja.

Comentarista: Alexandre Coelho

 

 

Lição 5: A contemporaneidade dos Dons Espirituais

Data: 04 de Novembro de 2018

 

 

TEXTO DO DIA

 

Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil(1Co 12.7).

 

SÍNTESE

 

Os dons espirituais, conforme relatados em 1 Coríntios, não ficaram perdidos na história, nem devem ser desprezados, pois o propósito é a edificação da Igreja.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — 1Co 12.1

Não podemos ser ignorantes para com os dons

 

 

TERÇA — 1Co 12.4

O mesmo Espírito opera todos os dons

 

 

QUARTA — 1Co 12.1

O Espírito reparte os dons como quer

 

 

QUINTA — 1Co 14.1

Devemos buscar o dom de profetizar

 

 

SEXTA — 1Co 12.30

Nem todos têm os mesmos dons

 

 

SÁBADO — 1Co 14.39

O falar em línguas não deve ser proibido

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • REFLETIR a respeito da utilidade dos dons espirituais;
  • EXPLICAR os dons espirituais a partir de 1 Coríntios;
  • DISCUTIR o cessacionismo e o continuísmo.

 

INTERAÇÃO

 

Professor(a), na lição de hoje estudaremos as dádivas do Espírito Santo para a Igreja — os dons espirituais. Eles não foram somente ofertados e distribuídos para os crentes do primeiro século e não cessaram, pois enquanto a Igreja permanecer neste mundo, ela precisa dessas concessões divinas para sua expansão, edificação, exortação e consolo. Como pentecostais, sabemos que os dons são ferramentas divinas que contribuem para que a Igreja cumpra com a sua missão de proclamar o Evangelho. Contudo, é importante ressaltar que os dons espirituais não são evidências de espiritualidade e que não devem ser utilizados para o nosso próprio deleite, mas para o fortalecimento da Igreja de Cristo até que Ele volte (1Co 12.7).

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor (a), sugerimos que para a aula de hoje você elabore um estudo de caso. O objetivo é debater a contemporaneidade dos dons espirituais de forma dinâmica, mostrando as duas principais teorias a respeito desse tema. Será preciso dividir a classe em dois grupos e criar uma situação que envolva um diálogo entre dois crentes, um que é cessacionista (reformado) e o outro que acredita no continuísmo dos dons (pentecostal). Os alunos terão que apresentar argumentos que representem os dois grupos e discutir a questão entre eles expondo para a turma o pensamento do grupo. Conclua enfatizando que na Bíblia não encontramos nenhuma referência que confirme o fato de que os dons tenham uma “data de validade”, ou seja, que deixariam de existir a partir de uma determinada data.

 

TEXTO BÍBLICO

 

1 Coríntios 12.1-11.

 

1 — Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

2 — Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.

3 — Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.

4 — Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5 — E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6 — E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7 — Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

8 — Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9 — e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10 — e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11 — Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

No último século, a história cristã registrou em diversas igrejas a ocorrência de manifestações espirituais semelhantes às relatadas por Lucas em Atos e pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12. Muitos cristãos passaram a ser usados por dotações do Espírito Santo, os dons espirituais, e milhares de igrejas experimentaram um mover de Deus sem precedentes. Seriam essas manifestações espirituais realmente vindas de Deus, e se sim, com que propósito? Seriam para os nossos dias, ou estariam restritas aos tempos bíblicos, e, portanto, inoperantes ou inexistentes em nossos dias? É sobre a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, uma das marcas mais importantes do pentecostalismo, que estudaremos.

 

I. A UTILIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

 

1. O contexto dos dons em 1 Coríntios. O que levou Lucas a registrar no livro de Atos e na Epístola aos Coríntios, por inspiração do Espírito Santo, o falar em línguas, profecias, revelações, operação de milagres e curas? O que fez com que Paulo na Primeira Carta aos Coríntios mencionasse um conjunto de dotações do Espírito Santo aos crentes da igreja local? Os registros a respeito dos dons espirituais nos mostram que, após o Pentecostes, o Espírito Santo não apenas continuou a batizar pessoas, mas também concedeu à Igreja dons, presentes. Paulo escreveu a respeito desse assunto, para que os crentes de Corinto aprendessem a lidar com essas manifestações, tanto na igreja quanto fora dela (1Co 12.1).

2. A edificação da Igreja por meio dos dons. Paulo deixa claro que “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co 12.7), ou seja, os dons espirituais têm como propósito a edificação da Igreja. Não raro, os críticos da doutrina pentecostal alegam que a igreja mais pentecostal do Novo Testamento (a igreja de Corinto) era também a mais desordenada e confusa, como se os dons espirituais fossem os responsáveis pelos problemas daquela igreja. Se analisarmos o contexto da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, veremos que, antes de tratar dos dons espirituais, ele abordou a respeito do comportamento daqueles cristãos. Esta carta é um retrato de uma Igreja que estava começando, e que, no processo de crescimento, precisava de educação e disciplina. Mas dentro desse mesmo contexto, Paulo não diz que esses problemas, naquela Igreja, eram atribuídos aos dons espirituais.

Quanto aos dons Paulo afirma: “Não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co 12.1); “não proibais falar línguas” (1Co 14.39) e “procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Co 14.1). Essa é a Palavra do Senhor. Se acreditarmos que os dons espirituais eram os responsáveis pela desordem daquela igreja, então vamos atribuir esse problema também a Deus, pois foi Ele que deu os dons. Mas, não é esse o caso, pois tudo que Deus faz é perfeito.

3. Os dons espirituais glorificam a Deus. Como os dons espirituais são dados pelo próprio Espírito Santo, que “opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co 12.11), precisamos compreender que essas operações têm o objetivo de glorificar a Deus. Por isso, quem recebe os dons espirituais precisa fazer uso deles com temor, de forma correta, adequada e bíblica.

Aqui cabe uma observação: Como os dons espirituais glorificam a Deus e edificam a Igreja, Satanás faz o possível para que essas dotações sejam imitadas, e muitos crentes, de forma inadvertida, decidem rejeitar os dons espirituais por causa das falsificações de Satanás. Como crentes, devemos usar de sabedoria e não deixar de fora da vida da Igreja os verdadeiros dons, pois estes não podem ser rejeitados pelos simulacros do Inimigo. Só porque Satanás pode imitar algumas manifestações, vamos penalizar as manifestações verdadeiras do Espírito? Realmente não é razoável agir com esse entendimento. As imitações malignas não podem nos fazer descrer do verdadeiro poder de Deus manifesto pelos dons espirituais.

 

 

II. OS DONS ESPIRITUAIS EM 1 CORÍNTIOS

 

1. Dons de elocução. Os chamados dons de elocução, assim descritos, são manifestos pela fala, a saber: a profecia, a variedade de línguas e a interpretação das línguas. A profecia se trata de uma mensagem dada diretamente por Deus, trazida pela vontade do Espírito e transmitida de forma consciente, e como se depreende, é emitida na própria língua da pessoa que está falando. A variedade de línguas e a interpretação dessas línguas são dons que andam juntos, tendo em vista que essas línguas, pelo contexto apresentado por Paulo, não são as mesmas que a pessoa fala para edificar a si mesma. De acordo com as Escrituras Sagradas, as línguas, quando interpretadas, têm o peso de uma profecia, pois edificam a Igreja, e não apenas a pessoa que está falando.

2. Dons de sabedoria. A palavra do conhecimento, a palavra da sabedoria ou o discernimento de espíritos são capacitações que Deus dá aos crentes para que, por um conhecimento puramente divino, venham tomar decisões; saibam de acontecimentos que somente Deus poderia mostrar; para que possam discernir se uma atividade ou manifestação estão sendo produzidas realmente por Deus ou se são um simulacro de Satanás.

3. Dons de poder. A fé, a operação de maravilhas e os dons de curar (no plural, como descrito na Bíblia) são os carismas que se manifestam de forma sobrenatural em prol dos servos de Deus, trazendo a cura divina, a ocorrência de um milagre ou mesmo uma confiança fora do comum sobre algo que Deus há de fazer.

 

 

III. CESSACIONISMO E CONTINUÍSMO

 

1. O que é o cessacionismo? É a teoria que acredita que os dons espirituais, como relatados no Novo Testamento, só existiram no primeiro período da história da Igreja. Essa época em que os dons teriam cessado situa-se, para alguns, no momento da morte do último apóstolo, João, no fim do primeiro século. Outros colocam o quarto século de nossa era como a data do fim da validade dos dons espirituais. Essa teoria é divulgada predominantemente por cristãos que aderem à denominada Linha “Reformada” de interpretação da Bíblia. Entre as alegações para o cessacionismo está a convicção de que milagres e sinais foram usados por Deus para reiterar a mensagem do evangelho, e que uma vez que o cânon sagrado foi completado, os dons não teriam mais razão de existir. Se o cânon já foi completado, não há mais espaço para novas revelações na Igreja, É dito ainda que todos os cristãos possuem o dom do Espírito, e que a história mostra que os dons cessaram.

2. O que é o continuísmo? É a corrente teológica adotada por pentecostais, que creem que os dons espirituais, como mencionados por Paulo em 1 Coríntios, são correntes em nossos dias. Pentecostais não consideram uma palavra profética, trazida por meio do dom de profecia, uma palavra equivalente à uma nova revelação escriturística, pois sabem que qualquer manifestação espiritual precisa ser avaliada à luz da Palavra de Deus. Reconhecemos o ministério pastoral, dos presbíteros e diáconos, mas entendemos que Deus continua, por meio dos dons espirituais, edificando a Igreja. Todos os que nasceram de novo foram selados por Deus, mas esse selo não é o batismo com o Espírito Santo, pois este se trata de um revestimento de poder para testemunhar de Jesus.

3. O que a Bíblia diz? Para que possamos finalizar este assunto, devemos recorrer à Bíblia, autoridade máxima aceita por todo crente comprometido com a Verdade. Enquanto vários pensadores cristãos, avessos à contemporaneidade dos dons, ensinam que eles deixaram de existir quando o último apóstolo morreu, a própria Bíblia jamais disse que os dons tinham uma “data de validade”, ou seja, que deixariam de existir a partir de uma determinada data.

Teólogos que criticam o continuísmo se valem da ideia de que alguns dos pais da Igreja não viam, em seus dias, as manifestações espirituais conforme relatadas no Novo Testamento, e por isso, esses pais da Igreja entenderam que os dons cessaram por não serem mais necessários para os seus dias. O fato de os chamados pais da Igreja não mencionarem as manifestações dos dons ao longo da história não se comprova um argumento idôneo para questionar o continuísmo. Um estudo honesto e profundo a respeito da história da Igreja mostra que houve, sim, várias ocorrências de manifestações ao longo da história. Além disso, a ideia de que os dons cessaram por que não são mais necessários não é um argumento bíblico, e sim uma opinião meramente humana.

O ensino de Paulo aos Coríntios não proíbe a manifestação das línguas, mas orienta os coríntios sob a forma correta dessa manifestação (1Co 14.26-28). Se analisarmos o texto de Paulo, veremos que ele pede que os dons sejam manifestos com ordem no culto, sem atrapalhar a liturgia da congregação. Na prática, o apóstolo corrige não os dons, mas sua utilização desestruturada no culto. E ele mesmo deixa claro: “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1Co 14.39). Essa é a orientação de Deus para a Igreja em nossos dias. Podemos, sim, praticar os dons espirituais, se os recebermos. Paulo não proibiu os dons espirituais, apenas ensinou a Igreja a tratar deles de forma correta. E essa é a Palavra do Senhor, não sendo, portanto, passível de ser contradita.

 

 

CONCLUSÃO

 

Cremos que os dons espirituais são para os nossos dias, pois não há um versículo nas Sagradas Escritura que comprove a sua revogação. O Corpo de Cristo continua sendo edificado por meio dessas manifestações espirituais. A Primeira Carta aos Coríntios não é uma forma de dizer à Igreja que pare de trabalhar com os dons em nossos dias, mas sim que ela não deixe de buscar os dons espirituais e que os utilizem de forma correta. O Deus que operou orientando os coríntios é o mesmo que opera em nossos dias, repartindo os dons a cada um, conforme lhe aprouver.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12ª Edição. RJ, CPAD, 2012.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. O que fez com que Paulo na Primeira Carta aos Coríntios mencionasse um conjunto de dotações do Espírito Santo aos crentes da igreja local?

Paulo escreveu a respeito desse assunto para que os crentes de Corinto aprendessem a lidar com essas manifestações, tanto na igreja quanto fora dela. Ele deixa claro que não quer que os coríntios sejam ignorantes, que desconheçam a existência e a forma correta de se tratar desses dons (1Co 12.1).

 

2. Qual é o propósito dos dons espirituais?

Os dons espirituais têm como propósito a edificação da Igreja.

 

3. Relacione os dons de poder.

Fé, operação de maravilhas e dons de curar.

 

4. O que é o cessacionismo?

É a teoria que acredita que os dons espirituais, como relatados no Novo Testamento, só existiram durante um período da história da igreja.

 

5. O que é o continuísmo?

É a corrente teológica adotada por pentecostais, que creem que os dons espirituais. como mencionados por Paulo em 1 Coríntios, são correntes em nossos dias.

 

SUBSÍDIO

 

“Os dons espirituais, que são pela graça, mediante a fé, encontram-se na palavra grega mais usada para descrevê-los: charismata , ‘dons livres e graciosamente concedidos’, palavra esta que se deriva de charis , graça, o imerecido favor divino. Os carismas são dons que merecemos sem os merecermos. Dão testemunho da bondade de Deus, e não da virtude de quem os receberam.

Uma das falácias que frequentemente engana as pessoas é a ideia de como Deus abençoa ou usa alguém; isso significa que Ele aprova tudo o que a pessoa faz ou ensina. Mesmo quando parece haver uma ‘unção’, não há garantia disso. Quando Apolo chegou a Éfeso pela primeira vez, não somente era eloquente em sua pregação; era também ‘fervoroso de espírito’. Tinha o fogo. Mas Priscila e Áquila perceberam que faltava algo. Logo, o levaram (provavelmente, para casa, a fim de participar de uma refeição), e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus (At 18.25,26). Era, pois o caminho de Deus a respeito dos dons espirituais, que Paulo, como um pai, desejava explicar com mais exatidão aos coríntios. A esses dons ele dá o nome de ‘espirituais’ em 1 Coríntios 12.1 (a palavra dom não se encontra no grego). A palavra, por si mesma, inclui algo dirigido pelo Espírito Santo e expresso através de crentes cheios do poder. Nesta passagem, porém, Paulo limita a palavra no sentido dos dons gratuitos, ou carismas, que passam a ser mencionados repetidas vezes” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12ª Edição. RJ, CPAD, 2012, p.225).